As novas fardas da escola

A autoridade e as regras não devem ser confundidas com castigo ou repressão. Pelo contrário, as regras são como guias, são um ato de bondade e de construção.

Felizmente já lá vai o tempo do uso das batas no liceu, que se apresentavam sempre imaculadas, com o cinto bem apertado e na orientação certa, às custas de alguns raspanetes e reguadas.

Também já passou o tempo em que as raparigas não podiam usar calças e aquele em que já se podia usar de tudo, mas havia maior noção do que era mais indicado em cada contexto, nomeadamente na escola.

Tal como a autoridade do professor, o pejo e o bom-senso por vezes andam esquecidos. E, sem eles, professores e alunos perdem mais facilmente o norte. É preciso autoridade, coerência e regras claras, que parecem ser impostas tímida e democraticamente, sem grande convicção, talvez como contraponto às réstias da melodia repressora de tempos idos. Ou da nova repressão. Mas a autoridade e as regras não devem ser confundidas com castigo ou repressão. Pelo contrário, as regras são como guias, são um ato de bondade e de construção.

Hoje muitos pais parecem ter alguma dificuldade na importante e árdua tarefa de educar. Como se isso pudesse tornar os filhos mais infelizes ou menos livres.

Naturalmente a adolescência é uma das fases mais desafiadoras, em que se testa constantemente os limites. Mas isso pode ser entendido como um pedido de ajuda, uma oportunidade para orientar, em que se aprende até onde é aceitável avançar, por onde e como se pode ir. Em que se transmite as regras da sociedade e da vida. Não só por palavras, mas sobretudo por atos. E isto pode viver-se a vários níveis.

Por exemplo, em relação à roupa. Naturalmente os jovens devem ser fiéis ao seu estilo e vestirem-se, afirmarem-se e diferenciarem-se de acordo com o que gostam. Mas não será igualmente importante aprendermos que nos devemos vestir consoante as situações e o contexto em que estamos? Que a forma como nos apresentamos é também um sinal de respeito pelos outros e pelas diferentes situações? Não é também esse o papel dos pais na educação dos filhos? Ou devemos deixar só ao critério dos mais novos o que é ou não adequado?

Chegando o bom tempo é muito comum ver os rapazes na escola de calções de banho e chinelos e as raparigas com vestidinhos de praia quase transparentes e biquíni. Como se as aulas fossem só um sítio de passagem para a praia. Será que essa linguagem corporal não se reflete na atitude perante a escola, as aprendizagens e os professores?

Muitas vezes os alunos querem desfilar com a mais recente e desejada toilette que tanto lhes custou a cravar aos pais e, sem dúvida, a escola parece ser o sítio ideal para o fazerem. Mas talvez não seja o mais adequado para alguns outfits.

Sem dúvida que é mais prático no verão fazer escorregar os pés para dentro de umas havaianas e vestir um fato de banho que fica já para a praia, do que outras roupas que se tornarão um empecilho no final de um dia de aulas. Mas às vezes é preciso ter trabalho. Às vezes é preciso compreender que a postura e a apresentação se podem traduzir em respeito. Que não é mau haver regras e limites. Regras que estruturam e orientam. E que há tempo e espaço para tudo. Ou pelo menos devia existir. Por exemplo, para trocar de roupa a seguir às aulas.