O diplomata que não virou a cara à ilegalidade

Francisco Alegre Duarte tem-se destacado em vários postos. Ficará sempre ligado ao referendo da independência de Timor-Leste.

Ao contrário dos antecessores, ao chegar a Luanda em março de 2022, Francisco Alegre Duarte não teve dúvidas de que o arrendamento de frações do edifício da embaixada à margem das regras contabilísticas era ilegal. Quando foi informado do que estava a acontecer, o diplomata ordenou que os pagamentos cessassem, denunciou a situação a Lisboa e pediu uma inspeção. Mais: em abril de 2022 devolveu ao delegado da AICEP 5.382 euros pelos pagamentos indevidos.

Diplomata desde 1998, começou a destacar-se no MNE logo no ano seguinte quando, sendo o mais novo elemento da missão de observação do governo ao referendo sobre a independência de Timor Leste, foi o único da equipa de três diplomatas a defender que a missão (já sitiada na sede da ONU) continuasse no terreno após a eclosão da violência que se seguiu à vitória do ‘sim’. Uma sua frase daqueles dias ficou para a história: «Quando sairmos daqui, é Portugal que deixa Timor».

Filho do histórico socialista Manuel Alegre, publicou vários livros infantis. Serviu também em Nova Iorque, Angola e Itália. Foi conselheiro diplomático de António Costa antes de regressar a Luanda como embaixador.