Os Deuses estão loucos

Não faço ideia se os Deuses estão loucos. No entanto, creio que loucos ficamos nós com a oscilação de temperaturas e fenómenos meteorológicos que vão surgindo! Uns dias de muito calor, outros de muita chuva.

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Querida avó,

A D. Memória bate-nos à porta diariamente. Nem todos possuem a capacidade de só recordar as coisas boas. Muitos, mesmo com a passagem do tempo, preferem (sobre)viver a pensar em amarguras e coisas tristes.

Lembro-me de, na minha juventude, ter visto um filme cujo título era: Os Deuses Devem Estar Loucos. Uma comédia que acontecia numa tribo africana, após uma garrafa de refrigerante ser lançada de um avião. Os seus habitantes passam a considerá-la um presente dos deuses. A garrafa gera uma série de conflitos e peripécias. Como tal, o líder da tribo, decide devolver o estranho objeto aos deuses para restaurar a paz no local.

Não faço ideia se os Deuses estão loucos. No entanto, creio que loucos ficamos nós com a oscilação de temperaturas e fenómenos meteorológicos que vão surgindo! Uns dias de muito calor, outros de muita chuva. Uns dias com tempestades outros com ventos que nos trazem areias do Deserto de Saara, deixando o céu ora laranja, ora amarelo, em vez de o azul que tanto desejamos.

 Há, ainda, quem seja negacionista em relação às alterações climáticas… imagina.

Saudades dos tempos em que as tempestades não tinham nomes. Em que, nesta altura, já tínhamos arrumado as roupas de inverno e já andávamos todos com roupas mais leves, e coloridas.

Uma instabilidade que continua. Em poucos dias, sol, calor, chuva e até neve, em alguns locais. Assim ninguém se entende!

Como se não chegasse somos “bombardeados” 24h por dia com tantos debates. Que desespero!

Para compensar este desequilíbrio causado pela meteorologia e pelas eleições, resta-nos afogar as mágoas em amêndoas (de diversos tipos), ovos de chocolate, folares e outras tentações.

Felizmente não chovem garrafas de refrigerantes. Pelo menos até agora.

Boa Páscoa.

Bjs

Querido neto,

Não me digas nada! 

Então parece que o Martinho gostou tanto da nossa terra que foi ter com a sua amiga Núria e convenceu-a a vir até cá…

Ela gostou tanto que chamou o seu amigo Olivier ….

Vamos andar nisto até quando, sabes dizer-me?

A sério: gostava de saber a razão pela qual a Organização Meteorológica Internacional escolhe estes nomes para designar tempestades… Ainda estou à espera que chegue uma Alice – e então faço queixa.

Por acaso não conheço ninguém chamado Martinho – mas tenho uma amiga Núria! E na Madeira um dos nomes mais populares é Núria! Por que é que não lhes chamam, deixa cá ver, Reinaldina, Gertrudes, Dejanira, um nome assim?

Mas pronto, é aguentar o mau tempo e cara alegre. E dizer que já estamos na primavera, embora não pareça nada!

Lembro-me de, quando era miúda, ser nesta altura que arrumávamos todos os nossos fatos e casacos mais quentes e no lugar deles púnhamos os mais leves! As estações então eram muito certinhas: frio no inverno, muito calor no verão e temperado na primavera. Na primavera usávamos os fatos de meia estação, como então se dizia. Agora …

Isto anda tão mau, mas tão mau, que nem nas estações do ano podemos confiar. Logo de manhã chegamos à janela, olhamos lá para fora e então é que sabemos em que estação do ano estamos. (Naquele lugar, claro – na terra mesmo ao lado pode ser outra).

E agora vou aproveitar uma aberta e vou ao mercado – onde sei que está uma amiga à minha espera, porque na rua dela faz um sol esplendoroso.

Vou aproveitar para fazer as últimas compras de Páscoa.

Ver se ganhamos forças para superar tudo isto e ficar com mais alento.

Não comas demais. Já não vais para novo, como sabes.

Boa Páscoa.

Bjs