Os comentadores são amigos de Ventura

Se analisarmos o que dizem os comentadores, André Ventura e o seu partido vão ser corridos do Parlamento, pois nem um deputado vão eleger. Mas a realidade parece desmentir o facciosismo de alguns jornalistas/comentadores.

Não sou, seguramente, um fanático dos debates eleitorais e aborreço-me com facilidade, tamanha é, regra geral, a pobreza dos confrontos, mas vejo-os, não todos, como é evidente. Depois vou recebendo WhatsApps com comentários aos comentários dos comentadores/jornalistas/políticos, notando-se, como não podia deixar de ser, a simpatia partidária de quem envia as mensagens. Das vezes que entro no Facebook recebo ainda mais informação sobre os comentários dos comentadores. Não é preciso ser um génio da análise política para perceber que há um dado que salta à vista: André Ventura é o grande perdedor de todos os debates – não faço ideia se algum comentador televisivo lhe deu a vitória nos confrontos que teve – e imagino que o povo em casa também pensa o mesmo, pois com tamanhas mentes iluminadas a catequizá-los não será difícil chegarem à conclusão que o líder do Chega é o pior dos políticos em ação. Mas depois vejo as sondagens e fico com mais dúvidas do que tinha o António Variações que só estava bem onde não estava. Que raios, se o homem é uma cassete riscada, se é racista, se é homofóbico, se é aldrabão, se perde todos os debates, e sabe-se lá mais o quê, qual a razão para todas as sondagens lhe darem entre 14 e 21% das intenções de votos?

Tenho para mim que os maiores amigos de André Ventura são os comentadores, alguns travestidos de jornalistas, que o atacam sem dó nem piedade, de uma forma completamente cega. Destilam tanto ódio, e isso é muito percetível em alguns casos, que acabam por fazer com que o cidadão comum fique com simpatia pelo líder do Chega. Penso mesmo que algumas das fragilidades de Ventura acabam por ser ‘esquecidas’ pela parcialidade dos comentadores, que continuam sem conseguir desmontar o ‘segredo’ do Chega – é óbvio que o radicalismo não pode ser combatido com radicalismo. Dia 18 de maio veremos o que diz o povo…

Mudando de assunto, mas continuando na política. Pedro Nuno Santos tem feito todos os possíveis para fugir da imagem de radical, mas olhando para o programa do PS, no que diz respeito ao combate ao racismo e xenofobia, percebe-se que os socialistas estão amarrados ao discurso da extrema-esquerda. «Adotar mecanismos que garantam o princípio de não-referência à origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência, território de origem e situação documental em todas as comunicações oficiais de entidades públicas, com particular premência para os autos de notícia, a par da monitorização do seu cumprimento», lê-se no programa eleitoral do PS. Isto faz algum sentido? Nenhum. Só se combate o racismo e a xenofobia com a transparência, enquadrando as situações, até para que não se generalizem boatos. E só com todos os dados disponíveis é que é possível ‘atacar’ os problemas, investindo onde é preciso na prevenção e na integração.  Tudo o resto são balelas ideológicas que só vão contribuir mais para o racismo e a xenofobia. Um exemplo concreto: quando se diz que um elemento do PCC, a máfia brasileira, atuou em Portugal isso prejudica toda a comunidade brasileira? Claro que não, bem pelo contrário, pois até muitos brasileiros temem ser vítimas desses mafiosos e querem que eles sejam denunciados.

 Por fim, uma pergunta. Que é feito da recomendação ao Governo que pedia a inclusão de dados e informação complementar no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), de 19 de julho de 2023, entre os quais a análise plurianual (últimos dez anos) da evolução da criminalidade, relativa às diferentes tipologias criminais; e a identificação da força ou serviço de segurança que reporta a ocorrência criminal e respetiva análise percentual? Talvez a ministra da Administração Interna saiba, caso não se tenha esquecido.

Telegramas

Um bispo com muitos amigos…

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) provocou um pequeno terramoto na Igreja quando se colocou ao lado dos imigrantes contra os polícias que realizaram a ‘rusga’ do Rua do Benformoso.  Dentro da Igreja pergunta-se por que razão D. José Ornelas não se pronunciou agora sobre o arquivamento do IGAI_relativamente ao comportamento da PSP na referida rusga. Ah! E ter comparado Trump a Hitler acicatou ainda mais os ânimos.

Uma rica casa

A Polícia Judiciária apresentou esta semana os 113 novos inspetores, destacando que 40% dos novos funcionários são oriundos das outras forças de segurança, com prevalência da PSP. Luís Neves pediu à PSP e à GNR para não ficarem tristes. Pudera…

O novo Pedro Marques Lopes

João Maria Jonet, militante do PSD, anunciou que se quer candidatar à Câmara de Cascais, mas não o fará pelo seu partido – que recusou a sua candidatura – mas sim pelo PS. Resta saber se vai como independente ou se se filia no PS. O homem tem futuro.