Estoril Open. Um nível abaixo, ATP volta em 2026

Alargamento dos torneios Masters 1000 ditou despromoção da prova do Estoril. E participação de vários tenistas está dependente do que fizerem ou não em Madrid.

O Clube de Ténis do Estoril voltou a abrir portas, de 26 de abril a 04 de maio, a várias das grandes estrelas do ténis internacional, embora sem o mediatismo de outrora, já que o calendário ATP se apertou e obrigou o torneio português a baixar de nível.

Os torneios Masters 1.000 passaram a ser disputados durante duas semanas, um fator que deixou Portugal sem representação no circuito principal (ATP), porque o Masters de Madrid foi alargado e será disputado praticamente nas mesmas datas.

Posto isto, a solução imediata encontrada foi fazer do torneio do Estoril um ‘challenger’ 175, a categoria mais alta do segundo escalão. No entanto, será uma despromoção pontual, tendo sido já confirmado o regresso ao nível ATP em 2026.

A boa fama da organização do Estoril Open, a cargo do diretor João Zilhão, entre os tenistas que vieram a Portugal nos últimos anos, permitiu encontrar outras datas no calendário internacional para ser disputado novamente no formato de ATP 250.

Ao contrário do que sucedia até este ano, o Estoril Open vai passar a realizar-se no mês de julho – mais precisamente entre os dias 20 e 26 –, numa altura em que se fará sentir maior calor e a ameaça de chuva será quase inexistente para o torneio.

Presente no circuito ATP desde 1990, a prova portuguesa realizou-se até 2014 no Complexo Desportivo do Jamor, em Oeiras, tendo-se transferido para o Clube de Ténis do Estoril a partir de 2015, com uma organização diferente e um novo nome.

Dependentes de Madrid

Até lá, este ano a 10.ª edição contará, portanto, com algumas mudanças e com os olhos postos no Masters de Madrid, pois existe a possibilidade de resgatar grandes nomes eliminados de forma precoce, e perder outros que superem várias rondas.

Entre os nomes que poderão ser perdidos, encontra-se o de Nuno Borges, melhor tenista português da atualidade – como comprova o ranking mundial, figurando na 41.ª posição – e o segundo mais bem cotado entre os tenistas inscritos no torneio.

O maiato, de 28 anos, vai jogar em Madrid e, caso se mantenha em prova além da primeira semana, será automaticamente impedido de disputar a prova portuguesa no Estoril, tal como alguns dos principais nomes que também estarão em Madrid.

São ainda exemplo disso os tenistas norte-americanos Alex Michelsen (38.º ATP) e Marcos Giron (45.º), o sérvio Miomir Kecmanovic (47.º), o espanhol Pedro Martínez (48.º), o japonês Kei Nishikori (64.º) ou até o jovem brasileiro João Fonseca (65.º).

O sucesso de alguns destes nomes na capital espanhola vai abrir portas à entrada direta de outros tenistas menos cotados, estando ainda em aberto a atribuição de convites da organização a jogadores que poderão ser eliminados precocemente.

Um desses convites (‘wildcards’) já foi atribuído ao jovem português Jaime Faria, o segundo tenista nacional mais bem cotado e 105.º colocado na hierarquia, depois de um ano de 2024 em que ascendeu mais de 400 lugares e se estreou no top-100.

Assim, Nuno Borges e Jaime Faria serão os representantes lusos na competição, com a possibilidade de mais se juntarem provenientes das rondas de qualificação, na qual estão inscritos Henrique Rocha, Gastão Elias, Pedro Araújo e Tiago Pereira.

No último ano, Nuno Borges alcançou os quartos de final, onde foi eliminado pelo chileno Cristián Garín, enquanto Jaime Faria surpreendeu ao ultrapassar a fase de qualificação com distinção, sendo travado na primeira ronda do quadro principal.

O tenista da Maia, cujo melhor ranking da carreira é o 30.º posto (setembro de 2024), vai disputar o Estoril Open pelo quinto ano consecutivo, com Jaime Faria a efetuar apenas a segunda participação, e a primeira sem precisar de qualificação.

Os dois tenistas são as esperanças portuguesas em repetir o inédito feito de João Sousa, que conquistou o torneio em 2018, ao derrotar na final o norte-americano Frances Tiafoe, sendo um dos grandes momentos da modalidade a nível nacional.

Em 2022, momento semelhante aconteceu, mas na variante de pares, quando os amigos de infância Francisco Cabral e Nuno Borges venceram, de maneira inédita, um torneio ATP, ao derrotar no jogo decisivo Máximo González e André Goransson.

No ano seguinte, Cabral e Borges voltaram a chegar longe, mas sucumbiram nas meias-finais, tendo sido eliminados na primeira ronda em 2024 por uma dupla que chegou à final, faltando ainda saber se voltarão a regressar em dupla nesta edição.

Nove edições, nove vencedores

A derradeira edição marcou a despedida de João Sousa dos courts, depois de uma carreira em que atingiu o melhor ranking de sempre de um português (28.º lugar) e conquistou ao todo quatro títulos ATP, em Kuala Lumpur, Valência, Estoril e Pune.

Em nove edições anteriores, houve nove vencedores distintos. Em 2024, o polaco Hubert Hurkacz conquistou o seu primeiro título em terra batida e, não estando inscrito, terá um sucessor, a não ser que ainda receba um convite da organização.

O ‘prize money’ do torneio português de terra batida é de 562.815 euros, contando o quadro principal com 28 jogadores: 19 com entrada direta de acordo com o seu ranking, dois ‘special exempts’, quatro oriundos da qualificação e três ‘wildcards’