O ministro das Finanças admitiu, esta segunda-feira, que a economia deveria estar a crescer próxima dos 3%, mas a queda em cadeia do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre não surpreende, após o crescimento mais elevado da União Europeia no quarto trimestre. Esta é a reação de Joaquim Miranda Sarmento aos dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que apontam para um crescimento da economia de 1,6% nos três primeiros meses do ano, após um crescimento de 2,8% no trimestre precedente.
De acordo com o gabinete de estatística, “o contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB diminuiu no 1º trimestre, em resultado do abrandamento do consumo privado. O contributo negativo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi mais acentuado, refletindo a desaceleração das exportações de bens e serviços”.
Miranda Sarmento afirmou, no entanto que, excluindo os primeiros trimestres de 2020 e 2022, períodos da pandemia de covid-19 e confinamentos, a economia portuguesa “nunca tinha crescido tanto em cadeia como no quarto trimestre de 2024”, desde que Portugal entrou na zona euro, “e agora está, de certa forma, a estabilizar dentro do que é a sua perspetiva de médio e longo prazo”.
E referiu que o contributo nulo da procura interna no primeiro trimestre, que, “apesar de tudo, não deixa de ser razoável face ao crescimento muito elevado que tinha tido no quarto trimestre”. Miranda Sarmento apontou também a provável desaceleração no investimento em construção, medido pelo INE através do consumo de cimento, cujas compras cresceram mais de 20% em novembro e dezembro.
Segundo o governante, a queda do PIB pode também ser explicada pelo abrandamento do consumo privado, o crescimento do investimento privado menos do que o esperado, e o crescimento das importações, que, segundo o ministro, poderá estar relacionado “com alguma antecipação do efeito de tarifas” dos EUA.
Miranda Sarmento apontou ainda como principal travão ao crescimento económico a baixa produtividade, que leva a níveis de competitividade “bastante baixos”, referindo que o propósito deste Governo era “aumentar a produtividade e, com isso, pôr a economia portuguesa a crescer mais e, com essa maior criação de riqueza, permitir salários mais elevados e mais receitas fiscais para menor carga fiscal”.
Recorde-se que o Governo estimava no Orçamento do Estado para 2025 um crescimento de 2,1% este ano. A AD prevê, no cenário macroeconómico inscrito no programa eleitoral, que o PIB vai crescer 2,4%.