No sábado, todos os caminhos vão dar ao Estádio da Luz. O recinto ‘encarnado’ é o palco do jogo de todas as decisões nesta edição do campeonato português de futebol, num dérbi entre Benfica e Sporting, empatados na frente, com 78 pontos.
Era um cenário colocado em cima da mesa há vários meses e confirmou-se – com maior ou menor dificuldade, depois dos jogos do derradeiro fim de semana – que o duelo entre os dois ‘eternos’ rivais lisboetas pode determinar o campeão nacional.
No passado sábado, o Benfica precisou de sofrer para triunfar no reduto do Estoril Praia, por 2-1, o mesmo resultado que o Sporting alcançou em casa, perante o Gil Vicente, mas de forma épica, numa reviravolta sentenciada nos últimos minutos.
Os ‘galos’ adiantaram-se no marcador de penálti, aos 26 minutos, mas o Sporting operou a reviravolta aos 81, por Maxi Araújo, e aos 90+3, por Eduardo Quaresma, que permitiu manter a ligeira vantagem dos ‘leões’, apesar da igualdade pontual.
Essa vantagem deve-se a dois fatores: o primeiro é o confronto direto, visto que o Sporting venceu a partida da primeira volta, por 1-0, e a segunda é a diferença de golos marcados e sofridos, com a equipa de Rui Borges a ter +59 e o Benfica +56.
Assim, um empate no dérbi serviria mais aos sportinguistas, que, apesar de adiar tudo para a derradeira jornada, manteriam a mesma vantagem e poderiam sagrar-se bicampeões na receção ao Vitória de Guimarães, bastando fazer um resultado idêntico ao Benfica, de visita ao Sporting de Braga na despedida do campeonato.
Uma vitória tangencial do Benfica, por um golo, também deixará a entrega do título para a 34.ª e derradeira ronda, mas, nesse cenário, as ‘águias’ precisariam apenas de ir a Braga empatar para ser campeão, devido à vantagem de três pontos obtida.
De resto, qualquer resultado dá campeão. Em caso de triunfo, o Sporting festejará no reduto do maior rival um bicampeonato que já lhe escapa há mais de 70 anos, enquanto uma vitória do Benfica por dois ou mais golos decide a favor das ‘águias’, porque ficaria em vantagem no confronto direto entre os dois emblemas lisboetas.
Todos os cenários são possíveis e estão em cima da mesa, o que levará também a uma enorme operação de segurança para uma eventual festa do título em Lisboa.
A praça do Marquês de Pombal, na capital, é o habitual epicentro das festas tanto de Benfica, como do Sporting. Face à indecisão do título, que pode ir para os dois lados, serão necessários esforços redobrados para evitar problemas nos festejos.
O paralelo de há vinte anos
Perante tudo isto, é permitido considerar este encontro como o ‘dérbi dos dérbis’, tendo em conta o que está em disputa, algo que, nas últimas décadas, só pode ter paralelo em 2004/05, mas, aí, numa luta intensa entre quatro equipas pelo troféu.
Essa temporada também reservou um dérbi entre Benfica e Sporting para a 33.ª e penúltima ronda, à qual os dois conjuntos chegaram empatados na liderança da tabela, com 61 pontos, à frente de FC Porto, com 58, e Sporting de Braga, com 57.
Dessa vez, Luisão foi o herói ‘encarnado’ num triunfo caseiro por 1-0, decidido aos 83 minutos, que deixou o Benfica, sob orientação do italiano Giovanni Trapattoni, a um pequeno passo do título, garantido com um empate 1-1 no Estádio do Bessa.
A maior dúvida
Agora, somente numa luta a dois, veremos o que sábado reserva para os adeptos dos rivais lisboetas, sendo que nenhum resultado poderá satisfazer os dois lados.
Nas últimas semanas, a gestão dos futebolistas em risco de castigo foi feita pelos dois treinadores, permitindo chegarem ao dérbi na máxima força e sem ausências de vulto devido a suspensão, não se perspetivando, assim, surpresas nos ‘onzes’.
No lado do Benfica, Florentino e Di María cumpriram castigo com o AVS e Carreras frente ao Estoril Praia, enquanto, no Sporting, Diomande ficou suspenso contra o Gil Vicente, num duelo em que Hjulmand foi suplente utilizado e evitou o amarelo.
A maior dúvida prende-se com a titularidade de Di María nas ‘águias’, uma vez que nem sequer saiu do banco na visita à Amoreira, podendo ser a única novidade de Bruno Lage na equipa titular, em detrimento do suíço Amdouni, habitual suplente.
Trubin será o dono da baliza, atrás de um quarteto defensivo composto por Tomás Araújo, António Silva, Otamendi e Carreras. No ‘miolo’, estarão Florentino, Kökçü e Aursnes, com Di María então a poder acompanhar Aktürkoglu e Pavlidis no ataque.
Já o Sporting poderá apresentar-se com Eduardo Quaresma, Diomande e Gonçalo Inácio à frente do guardião Rui Silva, Geny Catamo e Maxi Araújo nas alas, Debast e Hjulmand no meio e Trincão, Pedro Gonçalves e Gyökeres num tridente ofensivo.
Contudo, Bruno Lage e Rui Borges podem reservar alguma surpresa nas respetivas equipas, também no sentido de procurar enganar o adversário na estratégia para o jogo, face à relevância do mesmo para as contas finais do campeonato português.
Tudo ficará mais claro um pouco antes das 18h00 de sábado, data de início de um encontro que promete ficar para a história dos dérbis, que vai ter um novo capítulo em duas semanas, numa final da Taça de Portugal que não acontece desde 1996.