A fé não tem morada

De olhos postos na chaminé que vai anunciar o sucessor de Francisco. A fé não tem morada, mas o Vaticano é por estes dias o único destino.

A derradeira despedida de Francisco vem com o fumo branco. A chaminé como protagonista. E milhões de fiéis de olhos postos na conduta propositadamente instalada por cima da Capela Sistina.


A fé não tem morada, mas o Vaticano é por estes dias o único destino.
Há 12 anos Francisco era o eleito e só precisou de uma frase para chegar a todos. O seu Pontificado ficou marcado precisamente pela capacidade de chegar a cada uma das pessoas, compreendesse a moldura humana o equivalente a uma turma ou a um Parque Tejo.
Distinguiu-se também por chegar às gentes, independentemente de serem católicos, agnósticos ou ateus.


Na hora em que se exige que estas linhas sejam escritas, o primeiro resultado do Conclave ainda está por revelar. Mas a chaminé já é o principal foco dos crentes, que aguardam o nome do sucessor de Francisco.
Um momento em que a Igreja se renova, e a fé se alimenta da proximidade e da união. Tal como Jorge Mario Bergoglio certamente desejaria.
Foi também essa proximidade que comoveu tantos ao longos desta mais de uma década.


A generosidade com os mais vulneráveis, a atenção às crianças, o colo para todos, essencialmente para os que duvidavam.
O humor nos momentos certos.
A facilidade na desconstrução dos problemas comuns e dos comuns.
Um Santo Padre tão humano que, ao ser insistentemente agarrado numa das ocasiões em que abençoava os fiéis, também mostrou que perder a paciência faz parte.


Enquanto os cardeais escolhem à porta fechada o 267.º Papa, o nome de Francisco mantém-se destacado na maioria dos fiéis que deseja a continuidade da obra.
Acabam-se estas linhas sem tempo de haver confirmações.
Mas num tempo de globalização e muitas vezes sem sentido, resta quase sempre esperança e a fé, seja aqui ou no fim do mundo.