Parece óbvio, para uma parte considerável da população, que há greves que são feitas por encomenda, e que se escondem atrás do grito de liberdade e de democracia – e falamos, obviamente, das empresas públicas -, quando, na realidade, prestam um péssimo serviço à população, principalmente aos mais pobres. Vejamos o caso da greve da CP, que ano após ano continua a brincar com a vida de milhares e milhares de pessoas. Não consigo entender a razão de nenhum Governo ter a coragem de dizer publicamente o que está em causa. Quanto ganham os trabalhadores e o que exigem, até para cada um de nós tirar as suas conclusões. Como já se percebeu, os partidos de extrema-esquerda gostam de ganhar nas ruas o que não conseguem nas urnas, controlando sindicatos fundamentais para o funcionamento das sociedades: seja na Saúde, nos Transportes ou na Educação.
Como é possível uma empresa pública paralisar parte do país, usando estratagemas que de democráticos têm muito pouco? Qual a razão para a CP ter 14 sindicatos? Isto faz algum sentido? Nenhum, mas também nenhum Governo tem coragem para acabar com esta autêntica palhaçada – pessoalmente também me faz confusão ver greves às sextas e às segundas-feiras. Mas será que a CP está neste estado por causa dos resquícios da geringonça em que Pedro Nuno Santos chegou a acordo com o PCP, garantindo que a CP nunca teria concorrência? E já nem falo na privatização, que se justifica plenamente neste caso, pois uma empresa que passa parte do seu tempo ‘paralisada’ não tem grandes razões para existir. Mas não é preciso chegar a esse ponto, precisamos é de saber o que exigem os 14 sindicatos que convocaram a greve – quanto ganham as diferentes profissões na empresa. Pois até se pode dar o caso de estar a ser injusto com os trabalhadores, se ganharem miseravelmente numa empresa pública. Mas não me parece que assim seja.
Mudemos de agulhas. A eleição do novo Papa ia dando cabo da vida a alguns ateus, tal era o seu empenho em que a Igreja fosse para este ou para aquele lugar. Até me parecia que estava a ver os sócios do Sporting a quererem votar nas eleições do Benfica, ou vice-versa. Ou militantes do BE a quererem decidir qual o futuro líder do Partido Socialista. Para quem acompanha o fenómeno, sabe que a grande dificuldade de um Papa é conseguir o equilíbrio entre as diferentes fações, evitando um cisma, que já esteve mais longe. A Igreja Católica também nunca foi tão influenciada por aqueles que querem que a moral cristã mude de paradigma, e se transforme numa espécie de seita evangélica, com as cores do arco-íris à porta. E não estou a dizer com isto que a Igreja não deva olhar para as novas realidades e que deve conseguir acolher todos. Mas a mudança deve ser feita de dentro para fora e nunca de fora para dentro. Quem não concorda, pode sempre fazer uma Igreja! Os reformistas alemães queriam o que muitos querem: o fim do celibato dos padres, a ordenação de mulheres, a bênção para casais do mesmo sexo e para os recasados. Mas se isso fosse aprovado de repente, quantos não seriam os que sairiam da Igreja? E esse foi o ‘milagre’ do Papa Francisco, abriu portas, mas não fechou janelas, pedindo às fações contrárias que vão fazendo o seu caminho até que cheguem a uma conclusão. Afinal, a moral europeia nada tem a ver com a moral africana ou asiática, por exemplo.
Por fim, mais uma vez se comprovou que quem entra Papa no Conclave sai de lá cardeal.