Acreditar na Europa

Acredito que a Europa é – e pode continuar a ser – o melhor lugar do mundo para se viver.

Nesta semana, celebrámos dois momentos carregados de simbolismo: o 8 de maio, que assinala o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, e o 9 de maio, Dia da Europa, data em que evocamos a histórica Declaração Schuman.

Separam-nos apenas 24 horas entre a guerra e a paz. Mas une-nos algo muito mais profundo: a certeza de que, mesmo depois dos períodos mais sombrios, é possível reerguer uma visão comum assente na liberdade, na reconciliação e na esperança.

A construção europeia nasceu precisamente dessa coragem. Da convicção de que, após a tragédia da guerra, era possível forjar um projeto que garantisse a paz, promovesse o progresso e protegesse a dignidade humana. Foi esse o legado da geração fundadora. E é essa a herança que devemos preservar.

Ser europeu é mais do que pertencer a um espaço geográfico ou ter um determinado passaporte. É, acima de tudo, partilhar uma ideia. Um compromisso com os valores que nos definem: a liberdade, a democracia, o Estado de Direito, a justiça social e a solidariedade entre povos.

É também recusar a normalização dos extremismos, do populismo e das narrativas de ódio. Ser europeu é acreditar na política que constrói pontes, que encontra soluções e que coloca as pessoas no centro das decisões.

Hoje, ser europeu é enfrentar desafios novos com o mesmo espírito de responsabilidade. É responder à complexidade do mundo atual, sem deixar ninguém para trás. É apostar num crescimento económico sustentável, onde a inovação e a competitividade caminham lado a lado com a coesão social. É, também, reconhecer que a segurança deixou de ser um dado adquirido.

Num mundo mais instável, com guerras às portas da Europa e ameaças híbridas cada vez mais sofisticadas, precisamos de uma União mais forte, mais capaz de defender os seus cidadãos e os seus valores.

Mas, acima de tudo, ser europeu é acreditar no futuro. Acreditar que podemos continuar a fazer da Europa um espaço de liberdade e oportunidades. Um lugar onde cada jovem tem direito a sonhar e a concretizar esses sonhos. Um continente onde o progresso não sacrifica os princípios e onde as diferenças enriquecem o todo.

Esta semana, no Parlamento Europeu, tivemos a honra de receber veteranos da Segunda Guerra Mundial. Ouvir a sua história e fazer parte do legado de quem lutou contra o totalitarismo foi profundamente comovente. São eles o rosto da história, da resistência e da coragem. São o lembrete vivo do que está em causa quando falamos de paz. O seu exemplo deve continuar a inspirar-nos.

Neste Dia da Europa, não celebramos apenas uma data. Celebramos uma ideia que nos une há mais de sete décadas. Uma promessa de paz, de cooperação e de prosperidade partilhada. Uma promessa que continua viva – enquanto houver quem acredite.

E eu acredito. Convictamente. Acredito que a Europa é – e pode continuar a ser – o melhor lugar do mundo para se viver. Acredito numa geração europeia preparada para liderar com responsabilidade, com ambição e visão global. E acredito que, juntos, seremos capazes de enfrentar os desafios com coragem e esperança.

Porque acreditar na Europa é, em última instância, acreditar em nós próprios.