Os quatro cardeais portugueses que estiveram presentes no conclave que elegeu o Papa Leão XIV não votaram em uníssono, segundo apurou o_Nascer do SOL. D. Manuel Clemente, bispo emérito de Lisboa, e D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, votaram logo no primeiro escrutínio no cardeal Prevost, enquanto D. António Marto, antigo bispo de Leiria-Fátima, só o fez na segunda votação. Já Tolentino Mendonça só terá passado a votar no cardeal de Chicago, terra de nascimento de Prevost, na terceira ronda.
«Américo Aguiar, que conhece bem o Robert Prevost da Jornada Mundial da Juventude, e D. Manuel Clemente fizeram ‘pressão’ sobre D. António Marto para votar em Prevost, pois a sua primeira escolha ia para outro cardeal. Já Tolentino Mendonça, que não convive muito com os outros cardeais portugueses, terá votado nos dois primeiros escrutínios no cardeal Pietro Parolin», revela ao Nascer do SOL fonte conhecedora dos meandros do Vaticano.
A eleição do Papa Leão XIV tem contribuído para várias leituras, falando uns que será a continuação de Francisco, enquanto outros o ‘encostam’ mais ao Opus Dei, dizendo que não irá ‘alimentar’ nenhuma das questões fraturantes, como seja o fim do celibato dos padres ou a ordenação das mulheres.
Carta ao rabino e o Opus Dei
Para um teólogo ouvido pelo Nascer do SOL é evidente que as primeiras decisões do Papa Leão XIV são reveladoras do caminho que irá seguir, já que é «conservador na doutrina, progressista na ação e revolucionário no empenho social». A mesma fonte realça que não foi por acaso que Leão XIV_já escreveu uma carta ao rabino americano, que aproveitou para publicitar a missiva na plataforma X. «Confiando na assistência do Todo-Poderoso, eu me comprometo a continuar e fortalecer o diálogo e a cooperação da Igreja com o povo judeu no espírito da declaração Nostra Aetate do Concílio Vaticano II», escreveu o Papa, segundo a CNN Brasil. O rabino Noam Marans, responsável dos assuntos inter-religiosos do Comité Judaico norte-americano, deverá estar presente na missa inaugural do Santo Padre no próximo dia 18.
Também o encontro com o prelado do Opus Dei, mons. Fernando Ocáriz, e o vigário auxiliar, mons. Mariano Fazio, é interpretado por alguns setores como uma viragem ‘à direita’ de Leão XIV. Francisco Sassetti da Mota, padre jesuíta, e que não tem, que se saiba, qualquer ligação ao Opus Dei, faz uma leitura completamente diferente da carta ao rabino e o encontro com o Opus Dei. «Isso é da mesma maneira que já visitou os agostinianos e celebrou missa com eles. Parece-me que há muita gente preocupada com o futuro da sua visão da Igreja e não com o futuro da Igreja. O que vejo do Papa, e que é muito interessante, é que alguém que é eleito à quarta votação, não sendo propriamente considerado uma pessoa do sistema, tem que reunir um consenso muito grande à sua volta. Já agora, aquilo que o Opus Dei significava para uma parte da Igreja há 30/40 anos desapareceu. O Opus Dei, hoje em dia, em muitos lugares do mundo, desempenha um papel extraordinariamente importante. Cada vez é mais fácil admirar profundamente o trabalho que faz e o contributo fantástico que tem para a vida da Igreja». Já para um teólogo ouvido pelo SOL, «é natural que o Papa Leão XIV tenha u ma proximidade com o Opus Dei até por terem trabalhado juntos no Peru. E quem está a fazer a aproximação à Obra é Américo Aguiar e Rui Valério», revela.