PS quo vadis?

Na véspera de eleições decisivas para o poder local, não acredito que haja muitos candidatos socialistas que se sintam confortáveis com a instabilidade que, dessa forma se geraria (gerará?).

Os resultados eleitorais do passado sábado, no essencial, só surpreenderam os que andaram, no último ano, muito distraídos.

Infelizmente entre os distraídos esteve uma boa parte dos militantes e votantes do partido socialista.

Mas avisos e alertas não faltaram.

Bastava que estivessem atentos a tudo o que, neste e noutros espaços, foi escrito por mim, e tinham percebido.

Enfim…

Na sequência dos resultados eleitorais, que constituíram uma verdadeira humilhação para o PS e antes da pronúncia do SG do partido, escrevi (sugerindo):

“Se o líder for decente e puser o interesse do PS e do país, acima da sua ambição pessoal desmedida, só pode fazer duas declarações:

1-obviamente demito-me e afasto-me.

2-o PS assegurará governabilidade para o executivo que a AD vier a formar, não rejeitando o programa de governo, viabilizando, pelo menos, dois orçamentos nacionais, não apresentando moções de censura e não chumbando moções de confiança”

Infelizmente, não foi isso que sucedeu quanto ao ponto 2 e mesmo quanto ao ponto 1, a “demissão”ocorreu, mas o “afastamento” só ficou no ar.

Está por isso criada uma situação muito complexa que se não for resolvida, com sensatez, aprofundará, ainda mais, a crise em que o partido está mergulhado.

Apresentação precipitada de putativos candidatos e uma aceleração artificial  dum processo eleitoral, não resolverão o problema.

O partido tem mecanismos estatutários válidos e úteis para estas situações que, aliás, já foram usados, no passado, com a substituição interina de Mário Soares pelo Presidente do Partido António Macedo.

Na véspera de eleições decisivas para o poder local, não acredito que haja muitos candidatos socialistas que se sintam confortáveis com a instabilidade que, dessa forma se geraria (gerará?).

Exige-se assim bom senso e que todos aqueles que estão ansiosos “por ir ao pote” refreiem, transitoriamente as suas apetências.

Mas, o partido deve, previamente, consensualizar duas decisões :

1- tem de ser garantidas condições de governabilidade (estabilidade) que evitem, pelo menos nos próximos dois anos, um novo recurso ao voto, que os cidadãos não desejam.

2-tem de reconhecer-se que, só houve eleições intercalares e, consequentemente, descalabro dos socialistas, porque o SG, também mal aconselhado, fez uma má avaliação da conjuntura política. Por causa disso o PS foi reconhecido, pela maioria, como o principal responsável pela instabilidade e, consequentemente, penalizado.

Sem assumir esse compromisso e esta evidência, sejam as eleições para a liderança, a um mês ou a seis meses, o PS caminhará para a irrelevância e em alternativa a extrema direita não parará de crescer.