O Ministério Público (MP) abriu um inquérito aos vídeos publicados por André Ventura nas redes sociais que mostram o líder do Chega a criticar a comunidade cigana. A denúncia recebida pelo MP foi remetida para o Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, “onde deu origem a um inquérito”.
As queixas relacionadas com os vídeos publicados nas páginas de André Ventura, e em que o líder do Chega surge a falar sobre a comunidade cigana, foram apresentadas por dez associações.
Num dos vídeos, publicado a 11 de abril, André Ventura aparece a falar sobre o processo que envolveu Clóvis Abreu, arguido que viu a sua pena pela morte de Fábio Guerra reduzida para seis anos pelo Tribunal da Relação de Lisboa.
“Então, em Portugal, um cigano espanca um polícia, foge à justiça, e ainda vê a pena reduzida? E os partidos ficam em silêncio? O Chega não”, lê-se na legenda do vídeo.
Durante pouco mais de dois minutos, André Ventura acusou a comunidade cigana de ter protegido Clóvis Abreu durante vários meses e disse que “é lamentável que a vida de um polícia valha tão pouco”.
“Como se os ciganos tivessem algum privilégio face à lei”, referiu ainda, acrescentando que “as minorias e os coitadinhos” são sempre beneficiados.
Noutro vídeo, Ventura mostra uma parte de um contrato – em que não é possível perceber qual o município onde foi celebrado, nem em que data -, cuja descrição é “construção de alojamento para comunidade de etnia cigana”.
“Mas porque é que nós estamos a construir casas para ciganos?”, questiona o líder do Chega. E continua: “Nós estamos a construir casas para pessoas normais?”
O líder do Chega termina o vídeo dizendo que é preciso “acabar com isto” e refere-se aos apoios dados à comunidade cigana como “uma palhaçada”.