Sporting conquista ‘dobradinha’ em novo duelo polémico com o rival Benfica

Com a vitória no Jamor, o Sporting confirmou o estado de graça. Frederico Varandas já é o presidente com mais títulos da história do clube. Já o Benfica, na mó de baixo, criticou duramente a arbitragem.

Sporting conquista ‘dobradinha’ em novo duelo polémico com o rival Benfica

23 anos depois, o Sporting voltou a conquistar uma ‘dobradinha’, ao juntar a Taça de Portugal ao campeonato na mesma temporada. As duas melhores equipas da época voltaram a disputar um troféu, que caiu novamente para os sportinguistas.

Os comandados de Rui Borges venceram por 3-1, após prolongamento, num duelo em que estiveram a perder e forçaram mais 30 minutos de partida ao cair do pano. Gyökeres, Harder e Trincão marcaram os golos, com Kökçü a apontar o do Benfica.

É mais um registo histórico quebrado, depois de um bicampeonato que já fugia há 71 anos. A última ‘dobradinha’ dos leões tinha sido em 2001/02, vencendo agora a sétima do seu palmarés, depois de 1940/41, 1947/48,1953/54, 1973/74 e 1981/82.

Os festejos do bicampeonato, alcançado no fim de semana anterior, na derradeira jornada da I Liga, perduraram durante alguns dias e a equipa do Sporting regressou aos trabalhos apenas a meio da semana, mas isso não a impediu de erguer a taça.

Contudo, este feito esteve a poucos segundos de não acontecer. O Benfica esteve a vencer desde os 47 minutos, fruto de um golo do médio turco Orkun Kökçü, mas o avançado sueco Viktor Gyökeres levou a partida para prolongamento, aos 90+11.

Uma grande penalidade cometida pelo suplente utilizado Renato Sanches sobre o sueco – numa altura em que o árbitro Luís Godinho se preparava para apitar para o final do jogo e iniciar a festa encarnada – deitou tudo a perder a segundos da festa. Em termos de qualidade de jogo e no número de oportunidades de golo criadas, o Benfica superiorizou-se durante o tempo regulamentar, mas depois o declínio pelo golo sofrido no fim deu forças adicionais ao Sporting, bem melhor no tempo extra.

O treinador das águias, Bruno Lage, assim sublinhou na conferência de imprensa após o jogo: “Durante 99 minutos e 30 segundos, nós fomos claramente a melhor equipa em campo”, afirmou, deixando ainda duras críticas à equipa de arbitragem.

Os tentos apontados por Conrad Harder, aos 99 minutos, e Francisco Trincão, aos 120+1, sentenciaram um novo título do Sporting, perante as lágrimas do extremo argentino Ángel Di María, que poderá ter feito o seu último jogo pelos encarnados.

Já Rui Borges, do lado do Sporting, enalteceu mais uma conquista: “Eu não podia pedir mais. Estivemos nas decisões de tudo o que estávamos inseridos. Só nos pode orgulhar todo o caminho. O nosso trabalho tem respondido sempre por nós”.

No entanto, é importante referir os contornos deste triunfo. A polémica instalou-se ao minuto 90+4, quando o defesa brasileiro do Sporting, Matheus Reis, pisou a cabeça do avançado italiano Andrea Belotti, num lance que passou despercebido. A anteceder o que viria a ser o tento da igualdade e o início da reviravolta leonina, este acontecimento passou impune, sem qualquer intervenção do videoárbitro da final, Tiago Martins, tendo Matheus Reis fugido à expulsão, num momento-chave.

Não se sabe o que aconteceria até ao apito final de Luís Godinho, mas o Benfica encontrava-se em vantagem e, em inferioridade numérica, podia ser complicado ao Sporting conseguir resgatar a igualdade, a escassos minutos do final do duelo.

Este lance motivou duras críticas não só do treinador Bruno Lage, mas também do presidente encarnado, Rui Costa, que esteve na zona mista do Estádio Nacional a expressar o seu descontentamento pela maneira como o Benfica perdeu o troféu.

“Há situações que ultrapassam os limites. Há um pisão deliberado e propositado na cabeça do Belotti, onde a falta ainda foi contra o Benfica. O Otamendi leva uma cotovelada na cara de um jogador do Sporting já com amarelo e o jogo continuou. São lances a mais numa fase crucial do jogo para não se meter em questão aquilo que se passou aqui hoje”, enumerou Rui Costa, líder dos encarnados desde 2021.

A verdade é que o Sporting vive hoje em estado de graça, com Frederico Varandas a ser já o presidente mais titulado da história do clube. Já o Benfica vive uma crise, estando carente de conquistas desportivas, que fragiliza a liderança de Rui Costa.

Com eleições marcadas para o mês de outubro, a contestação sobe de tom e Rui Costa, apesar de já ter garantido a continuidade de Bruno Lage no cargo técnico, tem decisões a tomar, para poder salvar a sua pele numa eventual recandidatura.

Questionado sobre a continuidade, ou não, no cargo, Bruno Lage disse: “Eu jamais serei o problema. Vim para ser solução e ajudar. O próximo passo é conversar com o presidente. O que for benéfico para o Benfica, assim será”, ressalvou o treinador.

Até ao início da próxima temporada, o Benfica disputa ainda o Mundial de Clubes, tal como o FC Porto, ao passo que o bicampeão Sporting terá férias prolongadas.

Os encarnados apenas arrebataram a Taça da Liga esta época, precisamente face ao Sporting, através das grandes penalidades, depois de um empate a uma bola.

Já o FC Porto contentou-se com a Supertaça no início da época, também contra o conjunto de Alvalade, que, a nível nacional, esteve presente em todas as decisões e cimentou o seu estatuto, podendo ver sair jogadores influentes, como Gyökeres.