A glória europeia está ao virar da esquina mas só um dos dois clubes a poderá alcançar. Os franceses do Paris Saint-Germain e os italianos do Inter Milão defrontam-se no jogo decisivo da Liga dos Campeões este sábado, que marca o final, e o ponto culminante, da época futebolística dos clubes.
O sucessor dos espanhóis do Real Madrid – recordista de títulos europeus, com 15 – será conhecido na Allianz Arena, em Munique, a partir das 20h00 (hora de Lisboa).
O desfecho pode ser histórico, uma vez que o Paris Saint-Germain nunca venceu a prova, podendo arrebatar um inédito cetro e atingir o objetivo primordial da atual direção, enquanto o Inter Milão tem três triunfos, em 1963/64, 1964/65 e 2009/10.
Paris Saint-Germain e Inter Milão também podem vingar as finais perdidas para o Bayern Munique (2019/20) e o Manchester City (2022/23), respetivamente, por 1-0.
Se for o conjunto gaulês a vencer, quatro futebolistas internacionais portugueses erguem o troféu também pela primeira vez, casos dos ainda jovens Nuno Mendes, João Neves, Vitinha e Gonçalo Ramos, todos relevantes no plantel, à sua maneira.
Os três primeiros foram, durante toda a temporada, os donos e senhores das suas posições no onze inicial, com o avançado a ser também preponderante em muitos jogos, saindo do banco de suplentes para marcar (18 golos num total de 40 jogos).
Nuno Mendes é já visto como um dos melhores laterais esquerdos da atualidade e Vitinha também entra nos ‘tops’ dos centrocampistas, com João Neves a provar na sua primeira época em Paris que já não é só uma promessa, mas sim uma certeza. E há ainda outro português com uma influência preponderante na equipa parisiense – mas este não pisa os relvados. Trata-se de Luís Campos, conselheiro do clube desde 2022, considerado um dos arquitetos da revolução no plantel. Acaba de renovar o contrato até 2030.
Depois das estrelas
O conjunto comandado pelo treinador espanhol Luis Enrique vive sobretudo do seu coletivo, depois de vários anos com vários astros no plantel, como Messi, Mbappé ou Neymar. Desta feita, sem grandes estrelas mundiais, a equipa funciona melhor.
Com o gigante Gigi Donnarumma a fechar a baliza a sete chaves, Achraf Hakimi, o experiente Marquinhos e a revelação Willian Pacho cimentam uma defesa sólida, com Fabián Ruiz a compor o meio-campo ao lado dos dois médios portugueses.
No ataque parisiense, estão as jovens promessas Bradley Barcola e Désiré Doué, que se juntam ao reforço de janeiro Khvicha Kvaratskhelia e a Ousmane Dembélé, a efetuar a melhor temporada da carreira, após várias épocas longe do potencial.
Ousmane Dembélé é mesmo apontado como um dos candidatos à Bola de Ouro e a conquista da Liga dos Campeões poderá sustentar essa candidatura, depois dos 33 tentos e 12 assistências em 48 duelos que tem contabilizados até ao momento.
O Ponto forte
Por outro lado, os milaneses também estão longe de contar com astros no plantel às ordens de Simone Inzaghi, onde a maior figura é Lautaro Martínez, que, ao lado de Marcus Thuram, forma um ataque temível, embora a defesa seja o ponto mais forte.
Yann Sommer é um dos melhores guarda-redes da atualidade e beneficia de uma defesa a três, composta maioritariamente por Stefan de Vrij, Alessandro Bastoni e Yann Bisseck no centro, com Denzel Dumfries e Federico Dimarco a fazer as alas e Hakan Çalhanoglu, Nicolò Barella e Henrikh Mkhitaryan a assegurarem equilíbrio.
Caminho para munique
Até chegarem à final, as duas equipas superaram vários obstáculos complicados, com o Paris Saint-Germain a claudicar no início, ainda na fase de liga, que obrigou à ida ao play-off de acesso aos oitavos de final, após o 15.º lugar, em 36 equipas.
No entanto, os franceses superaram com distinção os compatriotas do Brest, por expressivos 10-0 no agregado, marcando encontro com o Liverpool nos oitavos de final, que tinha fechado a fase de liga na liderança e era um dos grandes favoritos.
Foi nas grandes penalidades que o Paris Saint-Germain superou os reds, após 1-1, e, até à final, voltou a encontrar mais dois conjuntos ingleses. Primeiro foi o Aston Villa, triunfando por 5-4, e depois, nas meias, o Arsenal, numa vitória total por 3-1.
Já o Inter Milão apurou-se diretamente para os oitavos de final, após o quarto lugar na fase de liga, e começou por derrotar os neerlandeses do Feyenoord, por 4-1 no agregado. Seguiram-se os alemães do Bayern Munique nos quartos, vencendo 4-3.
Ficou desfeito o sonho dos germânicos em disputar a final da Liga dos Campeões no seu próprio reduto, mas ainda havia um obstáculo à frente, os espanhóis do FC Barcelona, proporcionando uma das melhores meias-finais da história do torneio.
Depois de um primeiro empate a três bolas, o Inter Milão recebeu o segundo duelo e vencia por 2-0 ao intervalo, mas permitiu a reviravolta dos catalães, com um golo aos 88 a fazer o 3-2. Contudo, Francesco Acerbi voltou a igualar, aos 90+3, e levou o jogo para prolongamento, onde Davide Frattesi se tornou herói, aos 99 minutos.
Se, a nível nacional, a época correu de feição à turma gaulesa, que venceu todas as competições que disputou até ao momento, o mesmo não se pode dizer sobre os transalpinos, que viram o título fugir para o Nápoles, na última ronda da prova.
Para além disso, o Inter Milão perdeu ainda a final da Supertaça e foi eliminado na meia-final da Taça de Itália, tendo na Liga dos Campeões uma grande ocasião de fechar a época em beleza, embora ainda tenha o Mundial de Clubes para disputar.