Os fascistas estão aí

Os portugueses são tão fascistas que até os emigrantes que foram para França, em vez de imporem a sua cultura aos franceses, adaptaram-se ao seu novo país

Os imigrantes têm de respeitar a cultura portuguesa». Pode haver frase mais xenófoba e fascista do que esta? Além de vários dirigentes do Chega e da AD, a frase foi proferida por outro grande fascista chamado Pedro Nuno Santos. O antigo líder socialista não chegou ao ponto de dizer que corremos o risco de nos tornarmos um país de estranhos – tal como o fascista inglês Keir Starmer afirmou –, mas deve ter pensado algo semelhante.

Ou seja, quando o PS, a AD, a IL e o Chega anunciam propósitos fascistas e, mesmo assim, obtêm mais de noventa por cento dos votos, só podemos concluir que há agora mais fascistas do que no tempo de Salazar. Sobram os verdadeiros partidos democráticos como o BE, o Livre e o PCP, mas, num país estruturalmente fascista, pouco podem fazer. 

Os portugueses são tão fascistas que até os emigrantes que foram para França, em vez de imporem a sua cultura aos franceses, assando sardinhas debaixo da Torre Eiffel e cuspindo nos boulevards, adaptaram-se ao seu novo país. De tal maneira que quando regressam a Portugal, em Agosto, continuam a falar francês. O Monsieur Silva e a Madame Rosa não se estão a armar em importantes, estão genuinamente convencidos de que são mesmo franceses – ainda que por vezes soltem umas caralhadas quando se enervam. Seja como for, se não fossem fascistas, comportar-se-iam como os emigrantes magrebinos que recusam a assimilação cultural e odeiam os franceses. Esses, sim, fazem parar o trânsito durante o Ramadão e não permitem que nos seus bairros as mulheres andem com as pernas à mostra e os lábios pintados, como as galdérias francesas.

Infelizmente, em Portugal, só o BE é que compreende esta atitude antifascista. 

Parte dos imigrantes que estão em Portugal vêm de países onde as mulheres são consideradas inferiores aos homens, a poligamia é uma virtude, o casamento de menores com adultos uma prática saudável, criticar a religião é uma blasfémia punida com a morte, e onde os adolescentes de classes altas se divertem a pegar fogo aos sem-abrigo. 

Se estas práticas são boas ou más, não compete aos democratas avaliar. São os fascistas que se atrevem a dizer que isso é incompatível com as nossas leis e a nossa cultura. Um democrata, mesmo que durante uma manifestação contra o patriarcado se depare com três mulheres de rosto coberto conduzidas por um senhor barbudo, deve aplaudir esta riqueza multicultural de que o nosso país desfruta. E se por acaso as três levarem uma tareia quando chegarem a casa, para manter a harmonia familiar, o democrata não deverá enquadrar a sova na definição burguesa de violência doméstica.

O problema é que estamos a chegar a agosto e, com o reforço dos fascistas franceses nas suas voitures, isto só irá piorar.