Para poupar? Mais literacia sobre energia!

O recente apagão que afetou todo o país, foi algo nunca sentido e reacendeu o debate sobre a centralidade da energia nas nossas vidas. Bastaram poucas horas sem eletricidade para reconhecermos a nossa dependência da energia elétrica para quase tudo: dos hospitais, às escolas aos sistemas de transporte até às tarefas mais simples do quotidiano,…

O recente apagão que afetou todo o país, foi algo nunca sentido e reacendeu o debate sobre a centralidade da energia nas nossas vidas. Bastaram poucas horas sem eletricidade para reconhecermos a nossa dependência da energia elétrica para quase tudo: dos hospitais, às escolas aos sistemas de transporte até às tarefas mais simples do quotidiano, como seja cozinhar!
Este episódio colocou a energia na centralidade do quotidiano dos consumidores, o que muitas vezes, passa despercebido: a energia não é um recurso infinito, nem garantido. Habituados à sua presença constante, esquecemos que a energia elétrica resulta de uma cadeia complexa de produção, distribuição e consumo, que depende de recursos naturais, infraestruturas tecnológicas e, sobretudo, de comportamentos mais conscientes por parte dos consumidores. Ou seja, este caso alerta-nos quer para a fragilidade do sistema elétrico, assim como para a fragilidades dos nossos conhecimentos sobre o mesmo.
Na verdade, muitos consumidores têm dificuldades em compreender questões essenciais sobre como a energia é produzida e a Emissões de Gases de Estufa (GEE) associada, ou sobre qual é o consumo energético dos seus eletrodomésticos em casa, ou ainda sobre como podem mudar de comercializador e sobre os pequenos gestos podem ter um grande impacto na fatura energética – e no planeta. Não há falta de informação sobre todos estes temas, mas antes uma fraca literacia energética dos portugueses.
A literacia energética permite que os consumidores dominem conhecimentos e adquiram competências que lhes permita tomar decisões informadas sobre o uso da energia. Por exemplo, saber como ler uma fatura de eletricidade, conhecer os diferentes tarifários, ou conhecer os benefícios das fontes renováveis é determinante para se fazer um uso mais eficiente da energia e reduzir o seu consumo, o que de imediato pode reduzir os custos das famílias com a fatura de energia.
O estudo de literacia energética dos consumidores da ERSE, realizado em 2024, refere que apenas 36,1% dos consumidores conseguem identificar rubricas na fatura de energia, como sejam as taxas, impostos ou o preço da potência contratada. Se a maioria dos consumidores não compreende as componentes da sua fatura, logo à partida este pode ser um obstáculo à adoção de práticas de consumo energético mais eficientes.
Além disso, o estudo indica que só 30,1% dos consumidores conhecem pelo menos um simulador para comparar preços de energia. Assim, como esperar que possam fazer escolhas mais informadas de comercializadores de energia e encontrar tarifas mais adequadas ao seu perfil de consumo?
É preocupante que, mesmo com a crescente discussão sobre sustentabilidade e transição energética, muitos consumidores ainda não dominem a informação de como podem gerir o seu consumo de energia em casa. O consumo doméstico representa uma parte significativa da procura energética, e medidas simples como desligar aparelhos em standby, usar lâmpadas LED, regular o uso do ar condicionado ou investir em eletrodomésticos eficientes podem fazer toda a diferença.
Mais, poupar energia não é apenas uma questão de economia doméstica e de gestão de faturas. É também um ato de responsabilidade ambiental e social. Ao reduzirmos o consumo, diminuímos a pressão sobre os recursos naturais, reduzimos as emissões de GEE e contribuímos para uma maior resiliência dos sistemas elétricos.
É urgente apostar em campanhas de sensibilização e de literacia energética pois só com uma população melhor informada será possível construir um futuro energético mais sustentável, justo e seguro. A EVA – Energy Virtual Assistence (eva.deco.pt) é uma plataforma de informação e formação para os consumidores melhorarem os seus conhecimentos sobre energia que procura colmatar estas dificuldades. É muito importante que sobre matérias mais complexas, os consumidores também tenham a capacidade para ativamente procurar dominar estas questões, porque não falta informação.