Portugal é novamente campeão da Liga das Nações. Uma vitória da raça e da emoção, conquistada apenas nas grandes penalidades, perante a vizinha e atual campeã europeia Espanha, que aumenta o pecúlio português no futebol sénior.
A inédita conquista do Europeu, em 2016, continua a ser o maior feito da história futebolística nacional, mas duas Ligas das Nações, a primeira em 2019, no Porto, e a segunda no domingo, em Munique, não poderão, de todo, ser desvalorizadas.
É um facto que vencer a Liga das Nações não é tão prestigiante como ganhar um Europeu, e muito menos um Mundial, mas não é por isso que se deve subestimar a conquista de uma competição exigente, frente às melhores seleções europeias.
Um troféu é um troféu, e é essa ambição que pode levar Portugal a patamares que ainda nunca chegou. O Mundial2026 está aí à porta e, no próximo verão, o desejo é claro: estar na luta pelo mais importante cetro da modalidade, a nível de seleções.
A candidatura foi feita e não deve ser menosprezada. Vencer a Liga das Nações, na ‘final four’ com seleções como Espanha, França e Alemanha, afastando também a Dinamarca pelo caminho, nos quartos, é meritório e demonstrativo da qualidade.
Aos 40 anos, o capitão Cristiano Ronaldo aumenta ainda mais a sua lenda, sendo inquestionavelmente o maior símbolo e o maior embaixador português no mundo fora, e ainda a contribuir dentro de campo com golos relevantes nesta caminhada.
“Ganhar por Portugal é sempre especial. Tenho muitos títulos a nível individual por clubes e não há nada melhor do que ganhar por Portugal. São lágrimas com dever cumprido e muita alegria”, disse Ronaldo, que sofreu bastante durante os penáltis.
Semana de sonho Os espanhóis estiveram duas vezes em vantagem no marcador, por intermédio de Martín Zubimendi (21 minutos) e Mikel Oyarzabal (45), mas os lusos foram sempre capazes de reagir, graças aos golos de Nuno Mendes (26) e Cristiano Ronaldo (61).
CR7 ergueu assim mais um troféu, sendo o único português presente em todas as finais nas quais Portugal marcou presença, em toda a história, com somente uma perdida: a do Euro2004, em pleno Estádio da Luz, em Lisboa, contra a Grécia (1-0).
No entanto, o maior destaque tem de ir para Nuno Mendes, eleito pela UEFA como o melhor jogador da final e da ‘final four’, que banalizou por completo a estrela em ascensão Lamine Yamal, que, aos 17 anos, já é um dos candidatos à Bola de Ouro.
“É a semana mais especial e a melhor da minha carreira. Eu ganhei a primeira Liga dos Campeões pelo Paris Saint-Germain e hoje o primeiro título por Portugal. Tem um significado especial. Estou muito contente”, lembrou o futebolista português.
Nuno Mendes vive uma semana de sonho, a par dos colegas João Neves, Vitinha e Gonçalo Ramos, ao juntar a Liga das Nações à vitória na Liga dos Campeões pelo Paris Saint-Germain, com a particularidade de ambas terem sido no mesmo sítio.
A Allianz Arena, habitual casa do Bayern Munique, tornou-se um local inesquecível para os portugueses, embora não à escala do Stade de France, em Paris, quando o herói Éder saltou do banco para apontar o golo mais icónico do futebol português.
Com o duelo empatado 2-2, e sem mais golos durante o prolongamento, a decisão do vencedor seguiu para as grandes penalidades, com os cinco jogadores lusos a concretizarem as suas cobranças e Diogo Costa a negar o tento de Álvaro Morata.
Gonçalo Ramos, Vitinha, Bruno Fernandes, Nuno Mendes e Rúben Neves foram os responsáveis pelos penáltis, todos com êxito, enquanto Mikel Merino, Álex Baena e Isco marcaram os três primeiros e Morata decidiu, mas a favor dos portugueses.
“O meu foco naquele momento era elevar a aura e ajudar-nos mutuamente. Estou muito feliz. Não foi só a minha defesa. Todos os penáltis da nossa parte foram bem batidos. Estamos muito felizes por assegurar este troféu”, expressou Diogo Costa.
Mourinho e Jesus são passado
Apesar das várias críticas a Roberto Martínez, a conquista desta competição deixa fechada a possibilidade de mudança de selecionador antes do Mundial2026, com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol a assegurar a sua continuidade.
“Tem contrato até 2026 e, embora não tenhamos feito os contratos, a direção será cumpridora das assinaturas. Estamos satisfeitos com o trabalho do selecionador e o ‘mister’ sabia bem aquilo que pensávamos acerca do seu trabalho”, sublinhou.
A eleição de Pedro Proença para a liderança da federação, sucedendo a Fernando Gomes, fez pairar a dúvida sobre uma possível mudança técnica, tendo os nomes de José Mourinho e Jorge Jesus surgido em cima da mesa, mas agora já é passado.
A colocação de João Neves a defesa direito nos dois jogos da ‘final four’ aumentou o leque de críticas ao treinador espanhol, e com justificações para tal, porque não resultou de todo e não fez sentido, mas mesmo assim Portugal logrou esta vitória.
“Sinto orgulho e é uma responsabilidade ser o selecionador de Portugal e destes jogadores. Tivemos os valores do povo português: a resiliência, a luta, o acreditar. É uma satisfação poder dar a taça aos nossos adeptos”, afirmou Roberto Martínez.