Putin fala ao telefone com o Papa Leão XIV. Da conversa sabe-se que o Papa pediu a Putin que dê um sinal de paz. Mas sinal de paz? O que pediu, realmente, Leão XIV?
Nós precisamos de ter a perceção e o conhecimento verdadeiro dos conflitos existentes no mundo. Ucrânia e Gaza são, porventura, os conflitos mais mediáticos, mas não podemos ignorar que o mundo está a incendiar-se paulatinamente.
Não basta pensar num sinal de paz da parte de Putin. Precisamos de conceber uma ordem internacional de paz que tenha poder real de garantir uma vida justa e pacífica para os homens do século XXI.
Quando me falam de progressistas e conservadores, penso sempre no sentido das palavras… O que é, na realidade, ser progressista? Aquele que acompanha o progresso da vida humana é progressista. Aquele que se recusa a acompanhar o progresso e se cristaliza nas ideias do passado é um conservador. Isto significa que a sociedade humana tem experimentado um progresso na sua cultura e na sua maneira de viver.
A evolução do mundo, do conhecimento, da ciência, da informática e de muitas outras áreas tem trazido uma qualidade de vida enorme para a vida humana. A qualidade de vida que temos hoje em Portugal, não se compara com aquela que tínhamos quando eu nasci há quase cinquenta anos.
Realmente, podemos dizer que há um progresso no conhecimento e na vida do homem contemporâneo que não tem comparação com nenhum outro período da nossa História. Porém, o progresso do conhecimento e da qualidade de vida não são sinal de evolução civilizacional. Pelo menos, não podemos dizer que o progresso que temos assistido seja uma garantia de vida justa e pacífica.
Os anos que temos vivido, as guerras, as perseguições, as revoltas, as revoluções, os descontentamentos coletivos indicam-nos que o progresso não é a base da vida pacífica.
A Ucrânia e a Rússia mostram-nos como o progresso tem servido a defesa, por um lado, mas também de destruição. O que se está a passar em Israel não é propriamente fruto do progresso… aliás, eu diria que não houve muitos progressos em séculos. Como podemos falar em progresso, quando temos grupos de terroristas com milhares de membros que desejam a destruição e a morte: o Hamas não está, realmente, a defender o seu povo… se o estivesse já teria entregue os reféns e já se teria retirado do palco da guerra.
França também nos mostra que o progresso não chegou a todos os pontos da cidade das luzes, quando para festejar a vitória de um grupo de futebol (PSG) se incendeia uma cidade. O mesmo aconteceu em Portugal: para se lutar contra o racismo incendeiam-se carros, autocarros, ruas, casas…
Talvez seja tempo de darmos todos um sinal de paz e de progresso, assente na instrução de crianças que desenvolvam a sua capacidade racional e não tanto numa educação para causas que levantam muros entre os homens.
Putin terá de dar um sinal de paz… O mundo, no entanto, terá de repensar o progresso que tem construído para que não criemos no futuro uma mancha societária assente em múltiplos Putin(s) e terroristas.
Porque a paz advém do desenvolvimento da capacidade de diálogo e não haverá, nunca, diálogo sem o desenvolvimento da razão. A busca dos iluministas por uma ordem de razão independente da religião deveria ter uma nova edição, mas, agora, procurar uma ordem de razão independente das ideologias…