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Portugal quer afirmar-se como protagonista no projeto europeu e no palco económico global. Neste contexto, o encontro ‘The Best of Portugal’ – que decorreu na sede do Euronews, o canal de notícias internacional da União Europeia, localizada na Praça Schuman, o coração das instituições europeias, na capital belga – reuniu empresários, decisores políticos e especialistas para debater o futuro económico de Portugal. Ao longo de três painéis, dedicados à inteligência artificial e cibersegurança, à inovação industrial e competitividade, e à presença nos mercados globais, foram partilhadas experiências, identificados desafios e traçadas estratégias para fortalecer o papel do país na Europa e no mundo.
Moderado pelo jornalista Luís Ferreira Lopes, do Euronews, o evento, integralmente em português e transmitido em direto no YouTube, pautou-se pelo otimismo: «É emocionante celebrar 40 anos do tratado de adesão à CEE. Muito foi feito, mas os desafios continuam. Gosto de olhar para o copo meio cheio – continuamos a remar para o mesmo lado, a trabalhar por um país melhor», comentou.
Kathleen Figueiredo, presidente da Câmara de Comércio Belgo-Portuguesa e representante da Madeira em Bruxelas, deu o tiro de partida, apresentando os convidados dos três painéis e apelando a uma visão de futuro ancorada na «educação de qualidade desde a infância, na inovação, ousadia e políticas públicas que libertem o nosso potencial coletivo», sem descurar o investimento na ciência e na criatividade, dando voz às mulheres e aos jovens para ir mais longe «com ambição, com coragem e com propósito».
Inteligência artificial e cibersegurança
No primeiro grupo de discussão, sobre inteligência artificial e cibersegurança, José Casinha, da entidade gestora dos domínios .pt, sublinhou que a identidade digital portuguesa pode estar bem posicionada nos mercados internacionais, com confiança e credibilidade, enfatizando a monitorização proativa da zona .PT, capaz de detetar sites maliciosos e alertar as autoridades. «Temos de preparar as organizações para prevenir incidentes, não apenas reagir quando o dano está feito». Para este responsável é importante haver consistência nestas e outras matérias, criticando a tendência de alguns ciclos políticos para desfazerem tudo o que foi feito anteriormente, em vez de construírem sobre o trabalho existente.
Paulo Dimas, do Center for Responsible AI, defendeu que a Europa tem uma oportunidade única de liderar uma inteligência artificial responsável, centrada no ser humano, criando produtos de IA da próxima geração, considerando, no entanto, fundamental, regular o seu uso para evitar abusos ou discriminação social, mas sem travar a inovação: «A regulação deve ser calibrada, flexível e proteger os direitos das pessoas».
Também Bruno Gonçalves, eurodeputado, alertou que «falta neste momento à União Europeia uma agenda reformista para agilizar a convergência interna e desbloquear o potencial brutal que temos» e chamou a atenção para o impacto da automação no emprego, defendendo a requalificação dos trabalhadores. Por outro lado, referiu, «Portugal pode usar a sua vantagem energética para atrair investimento e criar emprego» enfatizando ainda a importância de investir em inovação tecnológica, tendo em conta o impacto social. Aquele que a inteligência artificial vai ter é claramente comparável ou até superior ao da revolução industrial, como corroborou Paulo Dimas, para quem «é um privilégio estar vivo nesta altura da história da humanidade. Estamos num momento histórico».
Indústria, inovação e competitividade
Na segunda mesa-redonda, Mariana Coimbra, administradora da TDGI (grupo Teixeira Duarte), explicou como a empresa tem investido em soluções tecnológicas para a gestão de edifícios, com recurso a monitorização remota e inteligência artificial. Esta aposta visa responder à escassez de mão de obra e a desafios de sustentabilidade: «Isto exige olhar para a empresa de forma holística e apostar na inovação tecnológica para garantir um negócio sustentável».
Pedro Nunes dos Santos, presidente da Tabaqueira, recordou a evolução da empresa desde 1927 até à atual aposta em produtos de tabaco aquecido, descrevendo esta viragem como uma «mudança de paradigma», ao oferecer produtos sem combustão, potencialmente menos nocivos. «O nosso futuro é um futuro sem fumo», assegurou.
Já Paulo Cunha, eurodeputado, valorizou a aposta numa indústria moderna, tecnológica e sustentável, que afirme a soberania, especialmente no setor dos semicondutores e da energia. Portugal pode contribuir com energia limpa para a Europa, reforçando a economia e o estado social: «Há que conhecer os impactos ambientais e económicos antes de tomar decisões, garantindo uma indústria moderna que seja sustentável e que preserve os nossos direitos sociais».
Internacionalização e mercados globais
No debate dedicado à presença de empresas portuguesas nos mercados internacionais, Raquel Seabra (administradora-executiva da Sogrape) destacou que exportar exige trabalho de base, com visitas, parcerias e ações locais. Apontou entraves como tarifas alfandegárias nos EUA, exigências de rotulagem distintas dentro da UE e burocracia nacional, dificultada pela existência de milhares de entidades na gestão do Orçamento: «Fiquei assustada ao saber que cerca de 11.000 entidades intervêm no Orçamento de Estado português – é um exemplo claro da complexidade burocrática que trava processos essenciais no país».
Fábio Rosa (diretor na Boost IT) explicou como a digitalização pode impulsionar as vendas, sustentando o investimento em branding, adaptação local e tecnologia como chaves para a afirmação internacional, além de considerar a cultura portuguesa como fator de sucesso. Na visão deste diretor, as empresas que conseguem ultrapassar obstáculos – como burocracias, regras internacionais complexas ou desafios do mercado – e que inovam, adaptando-se e criando soluções diferentes, são as que conseguem crescer e destacar-se: «As que pensam fora da caixa têm mais hipóteses de sucesso».
Por seu lado, Tiago Moreira de Sá (eurodeputado) lembrou que a Europa atravessa um momento crítico, marcado por três grandes desafios: a transição de poder global entre EUA e China, a revisão da ordem internacional com a guerra na Ucrânia, e a guerra comercial que pressiona a economia europeia, realçando que deve focar-se nas suas próprias soluções, evitando excessos de regulação e burocracia.
O encontro confirmou que Portugal tem bases sólidas para encarar os desafios futuros com confiança, apostando na inovação, no talento e numa estratégia de crescimento mais sustentável e aberta ao mundo.