Portugal assumiu-se, desde a sua fundação, como uma Nação de matriz cristã, natureza que nunca abandonou, mesmo durante alguns períodos difíceis da sua História, em que a Igreja foi perseguida por carbonários infiltrados nas altas estruturas do Estado e apostados em silenciar aqueles que professam o catolicismo.
No entanto, com os Descobrimentos os portugueses deram-se a conhecer a outras latitudes terrenas, até então desconhecidas dos povos ocidentais, passando a conviver com gentes de raças diversas e praticantes de religiões diametralmente diferentes ao cristianismo por nós abraçado desde os primórdios, nomeadamente com muçulmanos.
Essas disparidades religiosas não foram impeditivas para que muitos islamitas se radicassem no nosso País e, mesmo continuando a professar a sua Fé, se integrassem na nossa sociedade, respeitando os nossos valores, crenças e costumes e sem nos procurarem impor os seus.
Até à recente consentida invasão de centenas de milhares de muçulmanos provenientes, em grande parte, de países da Ásia central, como o Bangladesh e o Paquistão, e também do norte de África, portugueses cristãos e islamitas conviveram entre si em paz e respeitando-se mutuamente, sem que as suas disparidades no momento de orarem ao seu Deus fossem objecto de qualquer tipo de discórdia e de conflito.
Durante a guerra do Ultramar, milhares de soldados portugueses nascidos na Guiné, e sendo a maioria crentes de Alá, combateram ao lado dos seus compatriotas cristãos, defendendo, bastantes com o sacrifício da própria vida, a Pátria que também era a sua.
Cerca de seis mil desses bravos militares vieram a perder a vida, fuzilados indiscriminadamente pelos novos senhores de Bissau, quando o poder na Guiné foi traiçoeiramente entregue ao PAIGC, pelas mãos do regime que então se instalou em Lisboa.
Morreram por Portugal, apesar de abandonados por quem tinha a obrigação de os acarinhar e zelar pela sua vida.
Nas suas veias corria sangue português, e sim, sangue puro, tão puro como o dos que regressaram às terras metropolitanas de onde eram naturais e daqueles que não tiveram essa sorte, porque também caíram na guerra a que se entregaram, daí que no Dia de Portugal, na cerimónia de homenagem aos combatentes, a sua memória seja também evocada.
E porque a maior percentagem deles professava o islamismo, tem sido prática, desde há pelo menos trinta anos, que o Imã da Mesquita Central de Lisboa se associe a esse cerimonial e, em comunhão com um padre católico, rezem pela memória daqueles que partiram na defesa da portugalidade.
Acresce que este clérigo muçulmano nasceu em Portugal, na então Província de Moçambique, filho de pais também eles portugueses, sendo, por essa razão, tão português como qualquer um de nós.
Além de mais, viveu sempre naquele que é o seu País e plenamente integrado na sociedade lusa, não tendo, em momento algum, deixar-se influenciar por qualquer tipo de comportamento contrário à forma de viver da esmagadora maioria dos seus conterrâneos.
Nestes termos, as ofensas que lhe foram dirigidas no passado dia 10 de Junho foram absolutamente desproporcionadas e, sobretudo, injustas, apenas encontrando alguma justificação na ignorância de quem as proferiu.
De igual modo, somente o completo desconhecimento da realidade é que pode conduzir a que se apregoe a teoria de que a presença do Imã na homenagem aos Combatentes tenha sido uma provocação!
Tem precisamente a mesma legitimidade para comparecer naquele simbólico acto do que a do sacerdote católico que o acompanhou nas orações então proferidas.
A imigração descontrolada, que está a abrir profundas feridas no seio da sociedade portuguesa, não pode servir de mote para que todos os muçulmanos residentes em território nacional sejam catalogados de igual modo.
De um lado, temos a turba islâmica que nos últimos anos tem ocupado parte significativa do solo português, vinda de paragens que nada têm em comum connosco, que não se quer integrar nas comunidades junto das quais se radicou, que nada produz para o enriquecimento do nosso tecido económico, que vive às custas do contribuinte português por via dos subsídios estatais que lhe é concedido e que não respeita o nosso modo de vida, bem pelo contrário, procura exportar para junto de nós o estilo de vivência violento em que cresceu e a religião a que se entrega.
Do outro lado, temos os muçulmanos que nasceram portugueses, de famílias, muitas delas seculares, que desde sempre abraçaram de corpo e alma os valores e princípios do homem lusitano, vivendo em harmonia com os seus vizinhos e cumprindo escrupulosamente as obrigações a que estão vinculados na qualidade de cidadãos nacionais.
Portugal, desde a época dos Descobrimentos, tem vindo a cultivar a diversidade racial e religiosa, não pondo em causa, obviamente, a sua matriz intrinsecamente cristã, congregando, para esse efeito, diversos povos numa única comunidade que tem em comum a língua e o passado histórico.
Várias raças e credos integrados numa só Nação!
Quem não conseguir entender este desígnio, também não percebe o que é a portugalidade, pelo que tudo o que diga em sentido contrário terá como única consequência a de municiar as armas dos inimigos que querem destruir todo o nosso passado e a memória das gerações que nos antecederam e de quem herdámos a Pátria pela qual estamos dispostos a dar a própria vida, se necessário!
Pedro Ochôa