
Querida avó,
Como é habitual, desde o início de junho, sempre que posso, tenho andado a saltitar de bairro em bairro.
As Festas de Lisboa são de toda a gente! Plurais, ecléticas, profundamente enraizadas na tradição, mas sempre de braços abertos ao mundo (cada vez vejo mais estrangeiros deslumbrados com esta folia, bairrista). Ano após ano, as Festas de Lisboa mobilizam a cidade e todos os que a visitam.
Já para não falar das Marchas Populares. Que coisa linda, transversal a várias gerações! São das festas mais bonitas que temos cá em Portugal. Acontecem todos os anos no mês de junho, principalmente na noite de 12 para 13, por causa do Dia de Santo António, embora este não seja o santo padroeiro da nossa cidade, mas sim São Vicente.
Imagina, cada bairro prepara-se durante meses para apresentar uma marcha na Avenida da Liberdade. Há música, danças, roupas coloridas, e cada marcha conta uma história – às vezes sobre o bairro, outras vezes sobre Lisboa, ou até sobre coisas que os moradores querem celebrar. Os marchantes são vizinhos, amigos, famílias… é uma grande união!
E sabes o que é mais bonito? É que tudo isto mostra o orgulho que as pessoas têm no seu bairro e a alegria de viver em comunidade.
Agora, falando do Santo António… Como sabes, é conhecido como o santo casamenteiro! Pois é! Antigamente, muitas raparigas iam rezar ao Santo para encontrar um (bom) marido. Atualmente, ainda se realizam os chamados ‘Casamentos de Santo António’, que são casamentos de verdade, com noivos que muitas vezes não teriam condições de fazer uma cerimónia bonita. A Câmara de Lisboa ajuda a organizar tudo – é como um presente para os noivos!
As marchas e os casamentos são mais do que festa: são tradição, são história, e mostram o quanto os lisboetas gostam de se juntar, de celebrar e de manter viva a cultura da nossa terra.
Viva o Santo António!
Bjs
Querido neto,
Como deves calcular, ao longo de 60 anos de jornalista, já perdi a conta à quantidade de reportagens que fiz sobre Festas de Lisboa, Casamentos de Santo António, Marchas Populares e afins.
Como sabes, devido à Feira do Livro, tenho estado em Lisboa. E quem me conhece sabe como isso me custa…. Felizmente, já voltei para a Ericeira.
Logo de manhã, vou para aquilo a que os meus amigos chamam: “o meu poiso”, ou seja, a esplanada da Praia do Sul, mesmo em frente ao mar, onde passo horas.
Sento-me a fazer malha e na conversa com quem aparece.
De repente, não sei porquê, ouço falar sobre os Casamentos de Santo António…
E oiço dizer que as pessoas têm de saber ao que vão, ou seja, têm de ter disponibilidade para aparecerem na televisão, para darem entrevistas, para tirarem fotografias, etc…
O que eu me ri!
Como os tempos mudaram…
Quando eu era nova, as raparigas que se candidatavam a noivas de Santo António, tinham de ser vistas por uma médica, para ela assinar um papel comprovativo de que eram virgens! Porque só as virgens eram admitidas, claro, não havia cá poucas vergonhas…
Hoje casam mulheres que já vivem com os homens há uma data de anos, algumas já têm filhos e até os levam aos casamentos. E lá vão, todos contentes, até porque os prémios não são de desprezar.
Tenho impressão de que se contasse aos noivos de agora como isto era dantes… eles nem iam acreditar…
É uma pena a Freguesia de Avenidas Novas (minha freguesia em Lisboa), não ter Marcha!
De certezinha que o Daniel Gonçalves, Presidente da Junta de Freguesia de Avenidas Novas, nos convidada para Padrinhos da Marcha…
Já nos imaginaste a descer a Avenida da Liberdade?
Durante todo o mês de junho, Lisboa transforma-se num grande palco de celebração e encontro, multicultural, que reflete o espírito vibrante da capital.
Fico estafada só de pensar. É bom para ti, que és novo.
Diverte-te.
Bjs