IA com propósito: a tecnologia desenvolvida em Portugal e que está a transformar vidas

O Center for Responsible AI junta tecnologia, ética e inovação para criar soluções com impacto global e humano. Paulo Dimas, responsável pela instituição, foi o convidado do terceiro episódio do podcast ‘The Best of Portugal’.

IA com propósito: a tecnologia desenvolvida em Portugal e que está a transformar vidas

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Portugal está na linha da frente da inovação tecnológica com impacto social. O Center for Responsible AI, liderado por Paulo Dimas, é um consórcio que prova que é possível criar tecnologia avançada, ética e transformadora. “Acreditamos que o futuro da Europa é mais produtos e menos projetos”, afirma o responsável pelo centro, destacando a importância de criar valor económico com base na inteligência artificial (IA) responsável.

Criado no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), o centro reúne startups, universidades e grandes empresas num investimento conjunto de 77 milhões de euros ao longo de quatro anos. O objetivo é claro: desenvolver produtos de IA que respeitem três pilares fundamentais — equidade, confiança e sustentabilidade.

Na prática, isto significa combater discriminações algorítmicas — como a que associa idade a fraude —, garantir que os modelos são explicáveis e fiáveis, e reduzir o consumo energético associado a sistemas de IA. “A IA é um espelho dos dados. Se houver vieses nos dados, eles refletem-se nas decisões. Isso tem de ser corrigido”, sublinha Paulo Dimas.

A ligação entre startups e centros de investigação tem sido uma aprendizagem contínua, muitas vezes difícil. “As startups acham que os investigadores são lentos, e os investigadores acham que as startups só pensam no produto. Mas estamos a conseguir construir pontes entre estes mundos”, explica.

Exemplo disso é o projeto Halo, desenvolvido pela Unbabel, que permite a pessoas com esclerose lateral amiotrófica (ELA) comunicar através de contrações faciais, usando uma banda colocada na cabeça. “Foi um momento mágico quando conseguimos devolver a voz a um doente. Um deles até adiou a eutanásia depois de voltar a ouvir-se a si próprio”, conta.

Outro caso de sucesso é o sistema de telereabilitação da Sword Health, que permite fazer fisioterapia em casa. “Num piloto com o Hospital de São João, conseguimos reduzir em 93% o tempo de espera”, revela o responsável.

A proximidade com os utilizadores tem sido também uma prioridade. As startups ajustam os seus produtos com base no feedback direto dos parceiros. “Alinhamos a tecnologia com problemas reais. Isso é o que faz a diferença”, reforça Paulo Dimas.

A aposta na literacia digital e na capacitação da sociedade também está no centro da missão. O centro organiza fóruns e workshops que promovem o debate sobre ética e regulação da IA. Ainda assim, é na criação de produtos que reside o maior impacto. “A nossa convicção é que produtos responsáveis serão mais competitivos. Como aconteceu com a sustentabilidade ambiental, os consumidores vão preferir soluções tecnológicas que respeitem valores humanos”, afirma.

Com uma visão assumidamente europeia, Paulo Dimas acredita que a Europa pode liderar pela ética. “Enquanto os EUA promovem uma desregulação total e a China persegue a supremacia com práticas como o scoring social, a Europa pode ser um farol global de IA responsável.”

Num setor marcado por avanços rápidos e riscos complexos, o Center for Responsible AI mostra que é possível inovar com consciência. Como conclui Paulo Dimas, “reter talento, resolver problemas reais e fazer do mundo um lugar melhor — é isso que nos move”.