Apesar da forte contestação interna, as eleições para a liderança da Iniciativa Liberal continuam marcadas para o próximo dia 19 de julho. Vários militantes ouvidos pelo Nascer do SOL mostram o seu descontentamento em relação à data, defendendo que essa escolha deveria ser feita após eleições autárquicas, e há quem esteja a avaliar a hipótese de avançar com uma impugnação junto do Tribunal Constitucional. «A data das eleições internas só foi aprovada com os votos dos membros da comissão executiva demissionária com muita discussão no Conselho Nacional, com o Conselho de Jurisdição a dar um parecer bastante fraco, com duas declarações de votos desfavoráveis por parte do Conselho Nacional, em que o argumentário dessas duas pessoas na declaração de voto é mais aprofundado do que a decisão do Conselho de Jurisdição e com o secretário-geral a criticar quem estava a discordar do Conselho de Jurisdição em pleno Conselho Nacional. Esta decisão esteve longe de ser consensual», confessam ao nosso jornal.
Aliás, ao que o Nascer do SOL apurou a putativa candidata Margarida Pouseiro tem partilhado a ideia de que não só Rui Rocha não podia votar esse ponto – e não votou – como também não podiam os restantes membros da comissão executiva por estarem demissionários, considerando que os elementos não estão a praticar apenas um ato de gestão, tal como determina as atuais funções.
É certo que internamente há quem admita que os estatutos do partido «são suficientemente maus e podem justificar qualquer uma das posições, que teriam de passar por um recurso à convenção e depois para o Tribunal Constitucional», apurou o nosso jornal.
De acordo com fontes ouvidas pelo Nascer do SOL, as eleições internas poderiam ser adiadas por defenderem que «mais importante do que escolher um líder do partido é avançar com os rostos dos candidatos a cada autarquia», alegando que «ao contrário do que acontece com as eleições legislativas para as câmaras quem conta é quem concorre».
De acordo com as mesmas, a atual situação do partido deve-se, «por um lado à irresponsabilidade de Rui Rocha por ter saído quando saiu e, por outro lado, da falta de noção por parte dos vice-presidentes por não terem assumido quando podiam ter assumido. Os vice-presidentes são culpados de toda e qualquer instabilidade que exista decorrente desta situação».
Recorde-se que, tal como o nosso jornal avançou, Miguel Rangel, que assumiu as rédeas do partido, depois de os vice-presidentes da IL terem recusado assumir o cargo, tinha estado internamente a fazer pressão para que o ato eleitoral ocorresse já em julho, o que se veio a verificar.
Prazo curto
Para já, foi enviada esta quinta-feira um regimento a todos os membros a anunciar que o prazo de apresentação de candidaturas termina no próximo dia 4 de julho.
É certo que o curto espaço de tempo para que haja eleições internas levou a que Rui Malheiro tenha decidido não avançar, tal como foi avançado pelo nosso jornal. O ex-candidato que nas últimas eleições perdeu para Rui Rocha, alcançado 26,6% dos votos contra 73,4% elencou os vários acontecimentos que têm afetado o partido e que o levaram a tomar essa decisão: «A demissão de Rui Rocha da presidência do partido Iniciativa Liberal duas semanas após as eleições legislativas, não assunção da presidência do partido por nenhum dos seus vice-presidentes, o Conselho Nacional do partido foi chamado a pronunciar-se sobre uma nova convenção eletiva, quatro meses após a última ter tido lugar».
E acrescentou: «Com a consciência de que a união do partido neste momento é fundamental para ultrapassar uma crise tão repentina como desnecessária, sabendo que o foco do partido neste momento deverá estar fora de portas e não dentro delas, com o sentido de responsabilidade que sempre assumi desde que entrei na política e coincidentemente neste grande partido, comunico que não me apresentarei como candidato à liderança do partido Iniciativa Liberal».
Para já, só Mariana Leitão oficializou a sua candidatura, mas o nosso jornal sabe que este nome está longe de gerar consensos por considerarem que «é insuficiente» e por estarem à espera de um peso pesado da IL, mas ao que o Nascer do SOL apurou tem havido movimentações que se põem à atual comissão executiva para avançarem com uma lista alternativa de peso.
Mas enquanto ainda não há certezas em relação a quem será o próximo líder do partido, a IL já anunciou o seu plano eleitoral autárquico para 10% dos municípios portugueses, com 17 candidaturas próprias e 13 em coligação: quatro com o PSD, uma com CDS e as restantes com os dois partidos.
Uma das apostas que tem sido mais falado diz respeito ao apoio da IL em torno do nome de Pedro Duarte para a câmara do Porto. Para já, ainda não há qualquer decisão em relação a Lisboa.