Imobiliário: Portugueses cada vez mais rendidos ao luxo

É uma tendência cada vez mais evidente: grande parte das habitações em empreendimentos de luxo ‘desaparece’ mesmo antes da construção acabar. Compradores querem ‘garantir unidades em localizações premium e com alta valorização prevista’.

Não é incomum que, mesmo antes de a construção estar concluída, um empreendimento residencial veja as suas habitações vendidas muito rapidamente. E se isto já acontece no mercado dito normal, o luxo não foge a esta tendência.

E há vários exemplos que o podem comprovar. A nova fase da construção de Vale do Lobo, no Algarve, arrancou apenas este mês e já foram reservadas 40% das unidades, mesmo em fase de planta. Um caso que não é único. A Olive Green Residences, em Alcácer do Sal, terá a cerimónia de lançamento este mês e já conta com 80% das habitações vendidas.

Já o empreendimento Gaia Hills viu concluída a primeira fase de vendas com 108 unidades residenciais já reservadas. Também o Lumare, em Vilamoura, tem cerca de metade das habitações vendidas. E isto acontece um pouco por todo o país nos empreendimentos que têm nascido ao longo dos anos.

Procura no valor mais alto dos últimos 6 anos

Ao Nascer do SOL, Ruben Marques, porta-voz do idealista, assinala que «a procura por casas acima de 1 milhão de euros atingiu o valor mais alto dos últimos seis anos», lembrando que só nos primeiros três meses deste ano, «foram mais de 21 mil imóveis deste segmento anunciados no idealista», o que, na sua opinião, reflete «o crescimento sustentado do mercado de luxo em Portugal».

Face a estes números, o responsável não fica surpreendido com o facto de haver muitas compras e reservas em empreendimentos que ainda não estão concluídos. «Essa tendência acompanha o aumento da procura, sobretudo por parte dos portugueses, que hoje representam 73% das buscas por imóveis acima de 1 milhão», defendendo que muitos compradores «antecipam-se para garantir unidades em localizações premium e com alta valorização prevista».

Interesse estrangeiro

É certo que são os estrangeiros os mais apontados para a compra dos imóveis de luxo em Portugal, mas os portugueses também apostam neste mercado. «O mercado de luxo continua a atrair compradores estrangeiros, que representam 27% da procura», começa por enumerar o idealista, detalhando que, no município de Lisboa, a procura mais expressiva por casas de luxo à venda vem dos EUA, Espanha, Reino Unido e do Brasil. E no município do Porto está em destaque o interesse manifestado por quem vive nos EUA, Espanha e França. Já nas ilhas portuguesas, «verifica-se que há elevado interesse desde a Alemanha, Reino Unido e EUA pelas habitações de luxo à venda no Funchal. E em Ponta Delgada, a maior procura internacional é realizada a partir dos EUA, Canadá e da Alemanha».

Preços, zonas e resiliência

Questionado sobre as zonas do país onde têm crescido mais empreendimentos residenciais de luxo, o idealista refere que é em Lisboa e em Setúbal que se concentram quase metade dos imóveis acima de 1 milhão de euros mas Faro e Porto também apresentam grande oferta.

No que diz respeito aos preços, em maio, o preço das casas em Portugal subiu 7,4% face ao mesmo mês do ano anterior. «No segmento de luxo, esse crescimento pode ultrapassar mais do dobro, refletindo uma valorização ainda mais acentuada nas localizações e tipologias de maior prestígio».

E é preciso ter em conta que este é um mercado sempre em crescimento e que pouco ‘abana’ com crises. «O segmento de luxo tem-se mostrado mais resiliente a crises económicas, sobretudo porque grande parte dos compradores não depende de financiamento bancário», diz Ruben Marques, que não tem dúvidas: «Essa solidez garante estabilidade mesmo em contextos macroeconómicos adversos».