Tenho ao longo do mandato de Carlos Moedas na presidência da Câmara de Lisboa sido muito critico da sua atuação e constatado que o seu perfil e forma de estar não são adequados ao cargo com as competências necessárias ao exercício da presidência de uma câmara. Afirma, frequentemente, estar deslumbrado com a cidade de Lisboa, mas é fácil de compreender que o mais importante na relação do presidente de Câmara com a cidade é efetivamente a admiração que a cidade, enquanto conceito, tem pelo seu presidente, e aí, facto é, Lisboa está longe de estar deslumbrada com o seu presidente. O atual PCML terá certamente enquanto comunicador e tecnocrata muitas virtudes, mas a inabilidade para identificar e promover a resolução dos problemas centrais à vida em Lisboa é pretexto mais que suficiente para desejar a sua substituição.
Do presidente da Câmara de Lisboa espera-se uma ideia clara sobre o conceito de cidade e sobre o conceito de região metropolitana. Não se conhece uma visão minimamente estruturada sobre matérias tão essenciais à persecução do conjunto vastíssimo de projetos que implica a transformação de territórios. Além dessa ausência, grave, de posicionamento estratégico para o território, é facilmente verificável o excessivo descuido na resolução dos temas mais primários no que ao lixo e manutenção do espaço publico diz respeito, do trânsito em rota de caos e da recorrente trapalhada em matérias que vão da habitação, ao turismo, segurança e policiamento, alterações climáticas, sem-abrigos e comercio descontrolado de rua. O PCML tem, contudo, sido excecional na distribuição de louvores e medalhas, na multiplicação de aparições mediáticas de autoelogio numa Lisboa em degradação.
Visitei recentemente, e uns dias após a sua inauguração pelo PCML, o pavilhão Julião Sarmento que fica muito perto do local onde vivo em Belém. Teria muitos comentários sobre a má atuação da CML naquela freguesia, mas foco-me nas breves observações que fiz ao edifício da responsabilidade da CML e inaugurado pelo seu presidente. No Taguspark – Cidade do Conhecimento, e onde as minhas funções são muito idênticas às de um presidente de Câmara, não teria sido inaugurado um edifício no estado em que o pavilhão Julião Sarmento se encontra. O número de defeitos a olho nu surpreendeu-me, mas mostrou-me que de facto o PCML não tem o olhar que um presidente de Câmara obrigatoriamente tem de ter. Aqui pelos lados do Taguspark e de Oeiras seria absolutamente impraticável uma situação com aqueles contornos. Por estes lados outra música toca…
Como uma desgraça nunca vem só, tive hoje a oportunidade de conversar com Alexandra Leitão, precisamente à porta do mesmo pavilhão e após uma visita realizada pela candidata a PCML pelo PS. Verifiquei também que Alexandra Leitão, que pretende substituir Carlos Moedas, não deu por nenhuma anomalia na execução desta obra de €6.000.000. Não foi para mim um bom indicador das tais características e competências imprescindíveis a uma boa presidência de câmara. Receio que a candidata corresponda a uma verdadeira apólice de seguros de Carlos Moedas
Aconselho um e outro a frequentarem com mais assiduidade o território de Oeiras e, se possível, passarem algum tempo com o presidente da Câmara de Oeiras para, junto de uma das melhores práticas Nacionais e Europeias, entenderem o que faz um presidente de Câmara, o presidente de Câmara que o território adora e não prescinde.
CEO do Taguspark, Professor universitário