Brasília uma nova Havana?

O Brasil é um dos poucos países do mundo que compra mais do que vende aos EUA.

Os leitores que acompanham este Brasil Presente têm sido informados da escala agressiva de presidente Lula da Silva às posições dos EUA e do presidente Trump. Na pauta internacional, o Brasil sempre mostrou estar do outro lado. E, no 10 de maio, data do fim da guerra, Lula preferiu estar presente nas comemorações de Putin, em Moscou, e não nos aliados tradicionais e democracias como França, Inglaterra e EUA.

Tanto provocou que a última reunião do BRICS, no Rio de Janeiro, Lula ignorou as ameaças de Trump e voltou à tese da troca do dólar por moedas locais nas transações entre os países membros do grupo. Nem o silêncio da China e da Rússia em relação ao assunto fez Lula desistir de falar da questão. Resultado: veio o troco com o tarifaço de 50%, o maior de todos, e um toque político ao se referir ao que chama de perseguição ao ex-Presidente Bolsonaro.

Apesar de fortes consequências na economia brasileira, Lula vem aumentando o tom da resposta e faz lembrar aos veteranos diplomatas as opções de Fidel Castro, que levaram Cuba ao isolamento e ao racionamento de tudo, inclusive liberdade, nas últimas seis décadas.

O Brasil é um dos poucos países do mundo que compra mais do que vende aos EUA. Diferença pequena, menos de 500 milhões de dólares por ano, mas esta realidade confirma que o tarifaço de 50% para produtos brasileiros foi medida meramente política. Foi a reação de Trump a seguidas manifestações de Lula da Silva em suas viagens internacionais de críticas aos EUA. Também irritou os EUA a inclusão do Irã no BRICS. No que toca às plataformas digitais, tipo Instagram, X, Facebook e outras, o Brasil resolveu atribuir às operadoras a responsabilidade criminal pelo conteúdo dos usuários. Logo, a negociação deve ser política e não no mundo económico. Os EUA podem ceder no suco de laranja e no café, pois são produtos presentes na mesa do cidadão americano. Lula tem se fortalecido internamente, considerando a posição de Bolsonaro e seu entorno favorável à retaliação americana, que causa problemas na economia, e à inacreditável proposta de negociar a retirada das tarifas em troca da anistia a suas condenações, admitindo intromissão explícita de um governo estrangeiro em questão interna.

VARIEDADES

  • Levantamento do Governo sobre as 50 escolas de melhor qualidade no Brasil aponta para 47 privadas e apenas três públicas.
  • Governo brasileiro conseguiu alugar por 15 dias, em novembro, dois navios de turismo de grande porte para hospedar delegações na COP-30. Serão mais de cinco mil cabines nos dois navios da MSC e da Costa Cruzeiros. O preço será de cem a 600 dólares de diária. O risco de desistências de delegações é grande. Os hotéis insistem em diárias de mil euros durante o evento.
  • O Brasil ficará em situação difícil se os EUA e a União Europeia incluírem derivados de petróleo nas restrições ao comércio com a Rússia. A dependência é grande e o Brasil é o maior comprador do gasóleo russo. Quando Lula cancelou o processo de privatização do refino, a importação de derivados cresceu muito.
  • O mercado de cerveja premium no Brasil deve crescer 4% este ano. A produção total deve ficar em 14 bilhões de litros, concentrados em 70% entre Ambev-InBev e Heineken.
  • O crescimento da dívida pública dificulta a queda dos juros, que estão em 15%.
  • O mais antigo jornal brasileiro em circulação é o Diário de Pernambuco, que completa 200 anos em dezembro. Haverá uma série de eventos em Recife e no Porto, em Portugal, para comemorar a data.

Jornalista