Espanha boicota Festival da Eurovisão se Israel participar

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, já defendeu por diversas vezes, que Israel deveria ser excluído de competições desportivas e culturais internacionais

Espanha vai boicotar o Festival Eurovisão da Canção em 2026 se Israel participar. A decisão foi tomada esta terça-feira pelo Conselho de Administração da RTVE, a televisão pública espanhola.

A proposta de boicote foi aprovada, “por maioria absoluta”, com dez votos a favor, quatro contra e uma abstenção, anunciou o presidente da RTVE numa publicação no X. “Espanha retirar-se-á da Eurovisão se Israel continuar no certame”, escreveu José Pablo López.

Espanha é um dos países do grupo conhecido como “Big 5” – as televisões públicas que contribuem com mais verbas para a União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) e  para a organização do Festival Eurovisão da Canção. Os outros são Reino Unido, França, Alemanha e Itália e as canções destes países têm acesso direto à final em cada edição do festival.

Além de Espanha, já anunciaram um boicote à edição de 2026, caso Israel participe, outros quatro países: Irlanda, Eslovénia, Islândia e Países Baixos. Os países justificam o boicote com os ataques militares de Israel no território palestiniano da Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, já defendeu por diversas vezes, que Israel deveria ser excluído de competições desportivas e culturais internacionais e o diretor do Festival Eurovisão da Canção, Martin Green, disse na sexta-feira à agência de notícias AFP que cada membro da EBU pode decidir livremente se quer ou não participar no concurso e que essa decisão será respeitada.

O Festival Eurovisão da Canção é organizado pela EBU, a primeira aliança mundial de meios de comunicação social de serviço público, fundada em 1950, em cooperação com mais de 35 países. A Rádio e Televisão de Portugal (RTP) faz parte.

O concurso realiza-se anualmente desde 1956 e já houve países excluídos, caso da Bielorrússia, em 2021, após a reeleição do presidente Aleksandr Lukashenko, e da Rússia, em 2022, após a invasão da Ucrânia.

Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar, em 1973, e ganhou quatro vezes. Na edição deste ano, em maio, em Basileia, Suíça, Israel ficou em segundo lugar. A presença de Israel no concurso foi contestada por artistas que já participaram no concurso e por países como Espanha e Finlândia.

Este ano, Israel foi representado por Yuval Raphael, uma das sobreviventes do ataque do grupo terrorista Hamas em solo israelita, a 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, e após o qual teve início a atual ofensiva militar israelita sobre Gaza.Desde 7 de outubro já morreram mais de 64 mil pessoas na Faixa de Gaza, na maioria civis, segundo números das autoridades locais controladas pelo Hamas que a ONU considera fidedignos.