Sendo o Ensino um dos maiores problemas atuais que nenhum governo consegue resolver, com professores desmotivados, alunos ignorantes e pancadaria abundante, proponho uma solução que irá agradar a todos os partidos. Aos de Direita, porque retira o controle do ensino ao Estado; aos de Esquerda, porque retoma princípios revolucionários.
A solução é voltar ao modelo do PREC em que os alunos mandavam nas escolas. Ou seja, saneavam os professores, furavam-lhes os pneus dos carros e fumavam nas aulas; ao mesmo tempo, aboliram os manuais escolares e as avaliações, pois chumbar é um princípio fascista. Nem o Dom João das Regras os conseguiria fazer cumprir alguma regra. Foi um momento de rara pedagogia onde os bons selvagens foram por fim deixados à solta. E muito se aprendeu nessa altura, não propriamente Ciências ou Humanidades, mas coisas mais importantes como consciência revolucionária, resistência ao Fascismo e fabrico de cocktails de Molotov.
Ora como está visto que nenhuma reforma escolar planeada por adultos resulta, está na hora de entregar a gestão das escolas às crianças e aos adolescentes.
O primeiro problema resolvido seria a discrepância de notas entre o ensino público e o privado. Ano após ano, lá surgem os malfadados rankings escolares, os pais à beira de um ataque nervos e a consequente fuga de alunos das escolas públicas para as privadas. Alexandra Leitão tentou acabar com este trauma nacional pondo fim aos contratos de associação que permitiam a alunos desfavorecidos frequentarem o ensino privado. Mas as forças da reação não lhe deram tempo para ir mais além.
Portanto, com a gestão das escolas privadas e públicas entregue à malta jovem ninguém duvide que os resultados passariam a ser iguais. Uma das coisas maravilhosas dos jovens é que, independentemente da sua condição social, são muito semelhantes. Odeiam a autoridade, as regras e tudo o que limite a sua natureza antifascista.
Logo, além do saneamento de professores e danos nas suas viaturas, a primeira a medida seria revogar a proibição do uso de telemóveis. Depois, quanto ao bullying, seria introduzido um manual de proteção dos mais fracos: O Deus das Moscas.
Por fim, nas aulas de Cidadania é provável que os alunos mais velhos propusessem novas metodologias para o ensino da sexualidade. Ou seja, em vez de preleções enfadonhas sobre a construção social do sexo e a tirania do pénis, aulas práticas. Ou melhor, teórico-práticas: primeiro, usariam os telemóveis para descobrirem as infinitas possibilidades do sexo; depois, tratariam de imitar os ensinamentos colhidos nesses vídeos instrutivos. E, caso não surgissem voluntárias para fazer coisas como gangbang ou golden showers, ou alguma mãe fascista se opusesse a que a sua filha participasse nesses trabalhos de grupo, o orçamento da escola seria usado para contratar profissionais do ramo.
Em suma, as escolas públicas e privadas passariam a apresentar os mesmos resultados, deixaria de haver falta de professores porque não fariam falta nenhuma e, talvez o melhor de tudo, acabava a FENPROF.