Recebe-nos no seu escritório de sempre emCampo de Ourique, onde nunca houve tão poucos livros. «Tenho estado a oferecê-los», revela. Em cima da mesa colocou, como se fosse um naipe de cartas de jogar, os primeiros e os últimos títulos que a Gradiva publicou. «Terminamos como começámos, iguais a nós próprios».
Natural de Leiria, aprendeu a ler com O Mosquito e O Mundo de Aventuras. Trabalhou na Europa-América com Lyon de Castro e na Dom Quixote, e licenciou-se em Filosofia. Em 1981 fundou a Gradiva, que se tornou uma referência nos livros de ciência e não só, publicando autores como Carl Sagan, Stephen Hawking, David Lodge, Daniel J. Boorstin e Umberto Eco. Dos portugueses publicou, entre outros, António José Saraiva, Eduardo Lourenço, João Lobo Antunes e, mais recentemente, Luís Filipe Thomaz.
Manteve-se ao leme da editora até outubro de 2023, altura em que passou o testemunho à sua sobrinha, Helena Valente Rafael. Um ano antes, em maio de 2022, dera-se uma mudança de monta, quando o seu autor mais vendido e mais rentável, José Rodrigues dos Santos, trocou a Gradiva pela Planeta. A saída de Rodrigues dos Santos, admitiu o fundador, provocou «um sismo orçamental».
Vendo a situação financeira a agravar-se, ainda considerou encerrar a empresa. Mas acabou por encontrar uma solução que lhe agrada. Com a entrega da Gradiva ao seu amigo Manuel S. Fonseca, editor da Guerra & Paz, acredita que o seu legado fica «em boas mãos».
Começamos pelo fim ou pelo princípio?
Como queira.
Ainda chegou a considerar o encerramento da Gradiva, não foi?
Sim, era uma decisão difícil, mas do ponto de vista empresarial – porque a Gradiva, embora eu às vezes me esqueça disso, também é uma empresa – seria uma decisão tranquila. Começámos sem nada, num vão-de-escada, e com o primeiro livro ganhámos dinheiro para fazer os seguintes. A Gradiva nunca pediu um tostão a ninguém, nunca deveu nada a ninguém. Dependeu sempre apenas dos seus leitores, e nesse registo seríamos um case study.
Quando é que a empresa deixou de ser sustentável? Houve algum ponto de viragem?
Ultimamente andávamos a gastar o dinheiro que tínhamos juntado. E poderíamos continuar por mais algum tempo. Foi uma aventura entusiasmante, em que tivemos amigos que nos ajudaram muito. Cito só três: o José Mariano Gago, que desapareceu prematuramente, o Jorge Buescu, que nos acompanha desde era estudante universitário, e o Carlos Fiolhais. Mas a Gradiva estava a tornar-se uma utopia. Porque só publicamos bons livros, nunca fizemos cedências ao lixo. E os leitores para bons livros vêm diminuindo drasticamente, foram desaparecendo e não foram renovados pela escola e pela universidade.
Era preciso formar leitores?
Previ esta realidade que aí está, consequência do obscurantismo que tomou conta da escola. Juntei num livro [Os Anos Devastadores do Eduquês, ed. Presença ] as peças desse longo combate que eu e alguns amigos travámos mas perdemos. Era previsível o que isto daria. Veja o que é a escola hoje, onde o último ministro de António Costa, em vez de estar empenhado no conhecimento – por matemática, por ciência, por literatura –, estava obcecado com sexo e casas de banho. A escola bateu no fundo e, apesar das boas intenções aparentes e diligências do atual ministro, não sei se é sequer recuperável. Portugal leu sempre pouco e hoje não lê quase nada. Como é que o país, sem ler, pode sobreviver autónomo e desenvolver-se? Repare que até a universidade já deixou de exigir uma cultura erudita. Hoje dão-se diplomas a pessoas completamente iletradas. Se eu tivesse menos dez anos veria seguramente essa crise que vivemos – crise de cultura, de conhecimento, de exigência intelectual e, por isso, de verdade e de liberdade – como um desafio e estímulo para novos combates.
Como não tem…
Entrego o bastião daquilo que fiz a quem reúne condições de talento, de entusiasmo e sobretudo físicas para prosseguir o mesmo combate e os mesmos ideais, sem cedências ao lixo e editando o que é preciso e for viável editar hoje. Passo o estandarte e o desafio a um amigo que é um editor, um dos raros a quem atribuo esse título e essa dignidade, o Manuel S. Fonseca. Fica com o melhor da Gradiva, os livros imperdíveis do nosso fundo editorial, e conta com o apoio e a competência de várias das pessoas admiráveis que fizeram comigo o que milagrosamente pudemos fazer.
Em 2022 a Gradiva perdeu o seu autor mais rentável, José Rodrigues dos Santos [JRS].
Demos e recebemos muito nesses anos de edições dos livros de JRS. Aceitámos com fair play que não pudesse recusar o que lhe foi oferecido pela editora que passou a editar os seus novos livros. A Gradiva continua a reeditar as obras anteriores que publicámos e a gerir os direitos de tradução no estrangeiro.
Quando o começou a publicar tinha noção de que podia tornar-se um fenómeno?
Pressenti… Quando me enviou o primeiro original tive o impulso de o rejeitar sem o ler, supondo tratar-se de mais uma vedeta de televisão a pretender ser escritor. Mas comecei a ler, a leitura prendeu-me e percebi o mérito. Pareceu-me um dos raros autores de narrativas que fazem leitores, um achado para qualquer editor. Os seus livros não são ‘lixo’, como pretendem alguns, porventura dominados por animosidade política.
A transferência do José Rodrigues dos Santos para a Planeta acabou por desequilibrar as contas da Gradiva e precipitar a situação?
Quando JRS chegou à Gradiva vivíamos o sucesso e o desafogo financeiro resultante do êxito das nossas edições de ciência e de cultura. O êxito comercial dos livros de JRS trouxe-nos a possibilidade de iniciativas várias, até de mecenato. Com a sua saída tivemos de novo de fazer contas. Reconheço que com ele não estaríamos confrontados com os constrangimentos que hoje as editoras enfrentam.
Vamos então recuar. Qual era a sua bagagem quando fundou a Gradiva, o seu conhecimento do meio?
Eu tinha aprendido na Europa-América, muito jovem, com um grande editor.
Francisco Lyon de Castro.
Um editor que marcou gerações. Ainda estive na Dom Quixote. E depois foi a concretização de um sonho de adolescência: algo tão pouco ambicioso como procurar contribui para mudar o país. Um combate pela educação, pela cultura, pela ciência. Pela liberdade, afinal.
Por que escolheu chamar Gradiva à sua editora?
Gradiva é o título abreviado de uma das obras mais interessantes e menos conhecidas de Freud, uma pequena joia, de que a Gradiva fez duas edições. Gradiva é uma patrícia de Pompeia, representada num baixo-relevo encontrado nas ruínas da cidade. Freud tinha no seu gabinete de trabalho uma reprodução desse baixo-relevo. Portanto, chamar Gradiva à editora foi uma homenagem a um dos autores que mais gostei de ler. Lembro-me do meu amigo Eduardo Prado Coelho, quando publicámos os nossos primeiros três livros, ter escrito no Diário de Lisboa que se devia esperar o melhor de uma editora com um nome assim.
Licenciou-se em filosofia mas a Gradiva começa por se especializar na ciência. São áreas próximas, mas ainda assim…
São áreas cuja fusão eu já fiz no meu curso da universidade. E venho para a ciência exatamente também pela filosofia. Não é por acaso que publicamos o Diálogo dos Grandes Sistemas [de Galileu Galilei] quando iniciamos a editora. E a ciência que nós publicámos, se reparar, tem muito de filosofia. Foi uma aposta que toda a gente me dizia que ia perder. O professor Sedas Nunes, meu mestre e grande amigo, dizia: ‘O Guilherme vai ser um editor como faz falta’ – ele encorajou-me muito. ‘Mas não faça livros de ciência, que em Portugal não se vendem’. E eu respondi: ‘Vou fazer, vamos provar que não é assim’. Houve uma circunstância que ajudou. Os jovens até aí, estavam muito virados para a política, mas eu senti que iriam precisar de algo mais. E a ciência apareceu-lhes como uma janela para outro mundo. Lembro-me de estar num restaurante e ver um casal de jovens namorados, estudantes, a discutirem o livro do [Hubert] Reeves [Um pouco mais de azul]. Depois trouxemos o Reeves a Portugal. A sessão na Biblioteca Nacional foi uma coisa indescritível.
O primeiro livro que publicaram foi O Jogo dos Possíveis, de François Jacob [1981]. Alguém lhe tinha falado dele?
O Jacob é um autor fascinante. Quando estive na Dom Quixote, o meu amigo Carlos Araújo tinha publicado um livro dele. E eu fiquei com essa referência, que foi preciosa. Também trouxemos cá o François Jacob e foi muito curioso que o Mário Soares me telefonou a pedir para o levarmos à Fundação para ele o conhecer. Soares era um presidente especial, único. Lá levei o Jacob, tiveram uma conversa muito interessante.
Essa relação com os autores, trazê-los cá, era uma coisa habitual?
Agora que me põe a questão, vejo que o fizemos sistematicamente. E acho que também foi um contributo valioso que demos. Só não consegui trazer o Carl Sagan. Numa carta que me escreveu, que estupidamente perdi, dizia-me que as nossas edições das obras dele eram das mais bem feitas no mundo. Curiosamente, o meu filho estudou em Cornell e eu encorajei-o a ir procurar o Sagan, mas ele resistiu sempre a isso. Contei-lhe: ‘Tenho aí o meu filho, mas ele não o quer importunar’. E ele disse: ‘Aprecio essa atitude, mas diga-lhe para me vir falar’.
E chegaram a conhecer-se?
O André nunca foi. Mas assistiu a uma conferência dele e ficou absolutamente deslumbrado. Eu estava em Macau, nessa altura, e ele telefonou-me: ‘Pai, a cada pergunta que nós fazíamos, ele fazia outra conferência espantosa’. O Mariano Gago tinha-me feito precisamente essa descrição. Mas então o Carl Sagan prometeu-me nessa carta que viria a Portugal. Mas entretanto morreu. Escrevi à mulher, à Ann Druyan, e ela veio cá. Foi muito interessante, porque viajámos, estivemos na Universidade da Aveiro, onde ela participou numa conferência.
Tem ideia de quantos livros publicou a Gradiva?
Eu nos números sou muito mau. Cinco mil novos títulos, não sei dizer… A Gradiva parece um milagre. Com os livros que publicámos, tirando um ou outro engano, mas muito poucos, é de facto um milagre.
Isso deve-se a quê? À sua intuição?
Tenho que reconhecer que sim. Talvez eu tivesse uma bagagem e uma formação académica muito preparada para assumir [esta missão], porque a filosofia e a história são muito abrangentes e abertas.
Nasceu em Leiria. Viveu lá até que idade? Até ir para a tropa?
Não, antes da tropa fui para a Europa-América trabalhar. Talvez com uns dezoito anos.
Foi para lá com alguma recomendação?
Tive duas boas recomendações. Uma do dr. Vasco da Gama Fernandes, que era um grande amigo e colega do meu pai, e outra de uma professora da Escola Comercial, a dr.ª Maria Branco, que me achou graça e recomendou ao Lyon de Castro. Depois vim a Lisboa vê-lo. Trouxe o suplemento literário que eu tinha criado no Jornal de Leiria, que se chamava O Pinhal Novo… por causa do Pinhal de Leiria e da Seara Nova. Publicou vários números, mas depois, por pressão do governador civil, o jornal teve que acabar com ele. O Lyon de Castro tinha junto de si um colaborador, e diz o seguinte: ‘Ou eu me engano muito ou o Guilherme Valente vai ser outro Villaverde Cabral’. Anos mais tarde até contei ao Manuel este episódio. Lyon de Castro estimou-me sempre porque eu não falhei, como editor. Ele não tinha muita consideração pelos que falhavam. Era um homem que valorizava o mérito.
Em que circunstâncias é que vai para Macau? Quando faz o serviço militar?
Sim, um acaso e uma sorte incríveis. Fui muito feliz em Macau. Eu vinha de uma cidade pequena – que saudades tenho da minha Leiria! Mas como todas as cidades pequenas um pouco asfixiante. A certa altura, tive que vir para Lisboa para…
Respirar?
Para ser eu. E em Macau, no meio dos chineses, senti-me livre para ser eu próprio. Os chineses têm isso: vivem e deixam viver. Há uma grande solidariedade, por exemplo, nas famílias. Incondicional. Mas nunca cobram. Portanto, há uma enorme sensação de liberdade. Macau deu-me muito. Conheci lá a jovem que viria a ser minha mulher, uma pessoa admirável e heroica. Em Macau nunca nos aproximámos muito, por causa das reservadas e do tabu do contacto das jovens com…
Os ocidentais?
… sobretudo militares, era muito forte. Mas quando chegou aqui, começámos a namorar e casámos. Fui recebido na família. O pai dela falava corretamente português, tinha estudado num seminário português. Um tio dela, irmão do pai, foi um grande jesuíta do Oriente. Mas a mãe falava com ela em chinês. Isto acontece muito lá nos jovens. Mesmo os portugueses de Macau, que têm pai português e mãe chinesa, falam as duas línguas. Depois a minha mulher, que em Macau tinha sido educada na escola, na cultura e no meio português, veio para cá para a universidade e aculturou-se ainda mais. É uma grande portuguesa, a quem em Portugal deve muito, porque foi uma grande professora.
Portanto, voltaram.
Mas depois eu disse ao professor Sedas Nunes: ‘Deixe-me ir para Macau um tempo, porque quero fazer essa vontade à minha mulher’. Soube que ele disse aos amigos: ‘O Guilherme diz que é para fazer a vontade à Deolinda mas não é nada’.
Era mais para fazer a sua vontade… [risos]
Nessa altura, o meu amigo Alfredo Barroso, chefe de gabinete do Presidente Soares, sugerira-me um trabalho que seria interessante para mim em Macau. Mas essa oportunidade nãos e concretizou. Até que um dia encontro um amigo que estava a trabalhar em Macau e me diz: ‘Queres ir para Macau? Vem já’. Fui para um gabinete de estudos. E depois fui assessor – uma experiência política fantástica – convidado pelo general Rocha Vieira. Escolheu-me sem me conhecer. Ele, que teria milhares de amigos que queriam ir com ele, desafiou-me, porque alguém lhe falou em mim. Eu dizia sempre que ele tinha escolhido muito bem os colaboradores, com uma exceção, que era eu. Mas trabalhei bastante. Porque aquilo – a parte portuguesa – era um ninho de víboras. O governador nunca teve problemas com os chineses no momento difícil de preparar uma administração local para substituir a nossa. Teve problemas foi com os portugueses, cá e lá.
Essas intrigas também deviam ser por em Macau haver muito dinheiro e cargos bem remunerados…
Claro. Vou só contar um episódio. Quando o governador chegou Macau, só tinha praticamente dinheiro para pagar os vencimentos durante três ou quatro meses. E tomou logo algumas medidas. Uma delas foi colocar em hasta pública a venda de terrenos recuperados ao mar, que valiam imenso e que até aí eram atribuídos por adjudicação direta. Havia um terreno que já estava quase vendido, mas o governador descobriu que faltava um trâmite, e conseguiu parar o processo. Pô-lo à venda em hasta pública e rendeu uma enormidade mais, uma coisa mirabolante. Portanto veja o dinheiro com que muita gente se terá abotoado.
Nesses anos teve oportunidade de viajar pelo Oriente?
Na altura eu tinha um problema que agora já não tenho: tinha medo de andar de avião. Uma fobia terrível. Podia ter ido com o governador sempre que se deslocou. Perdi viagens fantásticas. Houve uma à China em que eu fiquei sozinho com o chefe de gabinete em Macau. Um gabinete muito pequeno, ao contrário do do engenheiro Melancia, que estava sempre a mudar as pessoas.
Falemos de datas para nos situarmos. Vai pela primeira vez a Macau…
Em 66. Assisti ao princípio da revolução cultural. Apesar da cumplicidade connosco, os dirigentes chineses tiveram que ceder à pressão que vinha da China e houve alguns incidentes constrangedores.
Com portugueses?
Sim, com as autoridades portuguesas. E é curioso que eu também estive de alguma forma envolvido nisso, porque fui o alferes que comandou o pelotão chamado a restabelecer a ordem Pública. Os soldados não estão preparados para a função de polícias. Estão preparados para combater. E eu punha-me à frente deles para ter a certeza que não disparavam. Porque o instinto perante uma multidão a manifestar-se é de medo. E houve um soldado que disparou um tiro. Foi doloroso para mim. Mas tive sempre o apreço dos dirigentes chineses da época.
Entretanto, estava em Macau e a Gradiva já existia. Como é que isso funcionava?
Tinha um sócio que era um jovem fantástico. Aliás, o pai era dono da icónica livraria Ler [em Campo de Ourique]. Foi sempre um amigo, um parceiro fantástico. Depois quis singrar sozinho e ainda bem.
E ele manteve as coisas a rolar.
Alguém de uma honestidade impecável. E tínhamos nessa altura uma colaboradora que percebia inteiramente o que eu queria. Ia à feira do livro de Frankfurt e trazia-me os livros que eu queria. Era uma pessoa extraordinária que se chama Maria do Rosário Pedreira. E foi assim que aguentámos.
Já nos falou do Herbert Reeves e do Carl Sagan. Chegou a conhecer o Umberto Eco?
Sim, cheguei. Muito bem, porque quando eu estava em Macau, no tempo do governador Rocha Vieira, o Umberto Eco integrou uma missão à China e quis regressar por terra, por Macau. E eu sugeri ao governador que o convidasse. Esteve duas semanas em Macau e eu é que o acompanhei. O Eco era, de facto, um génio. Levei-o à Fortaleza do Monte, donde olhámos para a cidade. E ele, ao ver as ruínas de São Paulo, disparou imediatamente: ‘Um verdadeiro monumento pós-moderno’. Porque só tinha fachada! [risos]
Ele tinha essa espontaneidade.
Quando saiu de Macau deu uma conferência de imprensa de despedida, em que disse isto: ‘Macau é uma câmara de descompressão antropológica’… assim de jacto. Eu fiquei gago. É exatamente isso: uma câmara de descompressão antropológica. Tal como nós somos – ou melhor, fomos –para os chineses uma câmara de descompressão antropológica para a entrada na União Europeia. Vou-lhe contar outra história. O Eco era possante, tipo touro. Quando chegou tinha umas dores nas cervicais e eu levei-o ao consultório de umas médicas chinesas que lhe deram umas massagens. Atrasámo-nos e chegámos ao hotel depois da hora que ele tinha combinado. A mulher dele, a Renate, estava furiosa e começou a ralhar-lhe. O Eco, que era todo pujante, ia encolhendo, encolhendo… A certa altura era uma coisinha deste tamanho. [risos] E eu, tentando quebrar aquele gelo, voltei-me para ela e disse: ‘As mulheres italianas são muito veementes…’. E ela: ‘Pois é, mas eu não sou italiana. Sou alemã’.