Autárquicas. Dança de cadeiras promete surpresas

Lisboa, Porto, Viseu, Sintra, Braga, Bragança… são muitos os concelhos em que as sondagens dão empates técnicos e onde os indecisos serão determinantes. Pode dar para tudo.

Aproximam-se aquelas que serão muito provavelmente as eleições mais renhidas dos últimos anos para as grandes câmaras do país. As sondagens revelam vários empates técnicos e até ao último momento tudo pode acontecer.

Em Lisboa, destaque para o taco-a-taco entre Carlos Moedas (que encabeça a coligação de centro-direita  PSD-CDS-IL) e Alexandra Leitão (que lidera a coligação de esquerda PS-Livre-BE-PAN). O atual presidente da Câmara de Lisboa e a candidata  socialista surgem empatados tanto nas sondagens da Pitagórica para a TVI/CNN Portugal/TSF/JN como na da Universidade Católica para a RTP/Antena 1/Público. Mas todos os estudos de opinião, apontam o incumbente como favorito à vitória e candidato mais bem preparado para o cargo. Ou seja, se os socialistas ainda podem ter esperança em recuperar a autarquia perdida por Fernando Medina, os sociais-democratas apostam na mobilização para que o incumbente não acabe surpreendido como aconteceu há quatro anos. Para muitos, quando um presidente se recandidata, o que está sobretudo em causa é a avaliação que o eleitorado faz do que fez e deixou por fazer, muito mais do que uma comparação com o candidato que lhe disputa o cargo.

Ou seja, no caso de Lisboa, há quatro anos, teria sido muito mais Fernando Medina a perder as eleições do que Carlos Moedas a conquistá-la. E o facto de as sondagens nas vésperas da ida às urnas apontarem para uma vitória do incumbente, terá sido fatal para Medina, que perdeu 20 mil votos para a abstenção.

Se assim for, o facto de, agora, as sondagens apontarem um empate técnico entre Moedas e Leitão favorece a mobilização do eleitorado e, consequentemente, o incumbente.

Porto também em aberto, como Viseu, Braga e Bragança

Empate total é o que as sondagens dão também no Porto, com Pedro Duarte (PSD) e Manuel Pizarro (PS) a disputarem até ao último voto o lugar a que o independente Rui Moreira não pode voltar a concorrer.

Em todos os estudos sobre intenção de voto ainda há um número muito significativo de indecisos (mais de 20% no caso da Pitagórica), que serão determinantes na decisão final. E há várias outras capitais de distrito que poderão mudar de rumo a partir de domingo.

Uma das suspresas da noite poderá  ser a conquista do ‘cavaquistão’ pelo PS, pela primeira vez desde 1976. Fernando Ruas volta a avançar para a liderança da autarquia depois de, em 2021, ter vencido as eleições e após ter sido presidente da Câmara entre 1989 e 2013. O ‘dinossauro’ do PSD_  tem como adversário o antigo autarca socialista de Mangualde, João Azevedo, que tem vindo a consolidar uma boa imagem junto do eleitorado da cidade. Resta saber se o peso da história ainda será maior do que a vontade de mudança e até que ponto o Chega está a baralhar as contas.

Outro bastião de sempre do PSD_em que, desta vez, também pode acontecer uma surpresa é Bragança. o atual presidente da autarquia, Paulo Xavier (PSD), candidata-se pela primeira vez, já que assumiu o cargo, em 2024, quando Hernâni Dias foi eleito deputado – mais tarde nomeado secretário de Estado, acabando por se demitir após a polémica lei dos solos, voltando à Assembleia. O PS apostou em Isabel Ferreira, ex-secretária de Estado de António Costa, com a expectativa de disputar a Câmara aos socialistas. E a verdade é que os socialistas acreditam que desta vez podem mesmo roubar a Câmara ao PSD, sobretudo depois de o atual autarca ter sido confrontado com as dúvidas sobre a sua licenciatura e percurso profissional. O_otimismo dos socialistas reforçou-se com as últimas sondagens encomendadas pelo partido à Aximage.

PS confiante em Sintra. PSD à vontade em Cascais

Também em Braga, os socialistas estão confiantes na reconquista da Câmara, naquela que será a corrida mais disputada de sempre no concelho, com 10 candidaturas. Até à data, a autarquia contou com apenas dois presidentes eleitos: Mesquita Machado (PS), ao longo de 27 anos, e Ricardo Rio (PSD), que termina o seu terceiro e último mandato. A disputa deverá dividir-se entre o jovem João Rodrigues, a quem cabe a tarefa de tentar manter a liderança do município nas mãos dos sociais-democratas, e o histórico socialista António Braga, ex-secretário de Estado das Comunidades e muitos anos deputado do PS à Assembleia da República. A fazer a balança pender para o lado do PS_está o ex-líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, que poderá ‘roubar’ votos ao PSD e que acredita que ficará como terceira força política do concelho, elegendo um vereador.

Ainda dentro dos concelhos mais populosos, Sintra também está entre os concelhos que geram mais expectativa quanto ao resultado destas eleições. Marco Almeida (do PSD) partiu em clara vantagem numa corrida a três que inclui Rita Matias (do Chega) e Ana Mendes Godinho (PS). Inicialmente em desvantagem face aos seus concorrentes diretos, a ex-ministra de António Costa e candidata da coligação PS/Livre recuperou com uma campanha agressiva, ultrapassando Rita Matias nas sondagens. E mais animou as suas hostes quando recebeu uma última sondagem, da Aximage, que a coloca à frente de Marco Almeida e afasta de todo a possibilidade de Rita Matias sair ganhadora no domingo.

Já no concelho ao lado, em Cascais, Carlos Carreiras já não pode concorrer mas todos os indicadores são favoráveis ao seu sucessor como candidato da coligação PSD-CDS e vice-presidente na Câmara, Nuno Piteira Lopes, desde que Miguel Pinto Luz saiu diretamente para o Governo A autarquia é liderada há mais de 20 anos pelo PSD e assim continuará. A questão que se coloca é a solução que encontrará para governar o município se não conseguir  maioria absoluta. Apostado em recuperar a F1 (em 2028) e a Moto GP (em 2027) para Cascais, Piteira Lopes já disse que convidará todos os eleitos para o Executivo e não deverá encontrar resistência tanto dos vereadores do Chega, com Rodrigues dos Santos à cabeça,  como do_PS, que as sondagens indicam que pode ficar reduzido a um vereador, atrás inclusivamente de João Maria Jonet.

Menezes, Santana, Isaltino e Leão incontestados

Já em Gaia, o regresso do ex-líder do PSD Luís Filipe Menezes é uma aposta ganha, uma vez que todos os indicadores lhe são favoráveis, apresentando-o como claro favorito à vitória sobre o candidato socialista e antigo secretário de Estado dos Governos de António Costa, João Paulo Correia.

No centro, se há dúvidas em Aveiro, com os irmãos Couto a medirem forças entre PSD e PS para a sucessão de Ribau Esteves, na Figueira da foz o favoritismo vai todo para a recondução de Pedro Santana Lopes.

E sem surpresas e com maiorias absolutas asseguradas estão as candidaturas de Isaltino Morais em Oeiras e de Ricardo Leão em Loures.