Olhando para os acontecimentos dos últimos dias fico com a sensação que se deu uma importância desmesurada a assuntos que pouco ‘mexem’ com a vida real das pessoas. Começando com a história dos aviões americanos que iam a caminho do exército israelita, o comum dos mortais está preocupado com o facto de três F-35 terem aterrado na Base das Lajes a caminho de Israel? Bem sei que o acordo entre Portugal e os Estados Unidos da América obriga os americanos a comunicarem os voos que não se inserem nas operações da NATO, mas o mesmo acordo permite aos americanos «armazenar e manter munições e explosivos convencionais nas instalações especificamente indicadas para esse efeito». Também sei, olhando para o Dr. Google, que em 1982, o Governo liderado por Francisco Balsemão, tendo Ramalho Eanes como_Presidente da_República, recusou a ‘aterragem’ de dois aviões americanos ligados às forças militares egípcias._Os tempos eram outros e Portugal tinha ficado descontente com o acordo que assinara com os americanos. Hoje, perante a situação mundial, Portugal tem alguma coisa a ganhar por impedir os americanos de usarem as Lajes para aterrarem os aviões que vão vender aos israelitas? Ganhamos o quê? Mais entraves ao comércio entre os dois países? Mais dificuldades de ‘enviar’ estudantes para as melhores universidades americanas?
Percebo que a extrema-esquerda faça um grande escarcéu com a notícia, mas pessoas sensatas entrarem no jogo é que não entendo.
Outro dos acontecimentos cá do burgo foi o julgamento da humorista Joana Marques com os irmãos do grupo musical Anjos. Mas por que carga de água se gastou tanto latim com uma tontice pegada? Goste-se ou não do humor de Joana Marques, e já fui gozado e foi-me indiferente, faz algum sentido levar umas piadolas a julgamento e falar-se de um milhão de euros? A rapariga agradece e já tem mais uns valentes cobres no bolso. Olhando para os anúncios onde entra, Marques deve ter um talento especial para vender tudo e mais alguma coisa, e só falta mesmo fazer publicidade a escadotes e a produtos de emagrecimento.
Se houve tempo para o folclore, o mesmo não se pode dizer de assuntos que impactaram com a vida das pessoas._Por exemplo, quantos milhares de automobilistas não viram a sua vida prejudicada porque meia dúzia de bloquistas decidiu marchar nas ruas mais inesperadas, obrigando dois e três carros de Polícia a protegê-los, quando estavam numa situação perfeitamente ilegal? Não seria normal a PSP_mandar os meninos keffiyeh brincarem nos passeios, em vez de estarem a infernizar a vida aos outros? E não estou a falar da suposta manifestação espontânea, de dia 4, organizada por Maria Escaja, que é deputada municipal do BE, mas das ‘arruadas’ que os meninos pró-palestianos decidiram fazer um pouco por toda a cidade de Lisboa, para depois colocarem vídeos nas redes sociais a dizerem como foi bom sentirem o poder da rua.
O Bloco de Esquerda teve 125 mil votos nas últimas eleições e Mariana Mortágua e sus muchachos e muchachas pensam que o poder da rua lhes pertence. E o que dizer da convocatória destes mentecaptos do OccupyforGaza? «Hoje, não é só um dia de luto, é um dia de luta. Hoje fazem 2 anos de ongoing genocídio e lembramos a Nakba – a catástrofe palestiniana que nunca terminou. Enquanto a imprensa branqueia a realidade, nós amplificamos a voz do povo palestiniano. Por isso, convocamos TODES a juntarem-se a nós num protesto de concentração, que coincide com a apresentação do livro “O Enigma de Israel” de Henrique Cymerman. É nossa responsabilidade contestar as narrativas que tentam normalizar e esconder o genocidio. A apresentação do livro “O Enigma de Israel” de Henrique Cymerman não pode servir para branquear um genocídio. Vamos estar lá para lembrar a todes a verdade que a imprensa não mostra. Não podemos ficar em silêncio. Não podemos permitir que o sofrimento de um povo seja branqueado. Vamos mostrar que a Palestina vive resistência». Nada como esta rapaziada mostrar a todes como está próxima dos nazis – só rasgou uns livros, mas podia tê-los queimado.
Telegramas
Comprar votos
Diz-me a chefe de redação do jornal da minha rua, a Dona Maria, que eu devia fazer manchete do nosso jornal com a notícia que um candidato à junta de freguesia local ofereceu, aos ‘amigos’ de Ventura, 50 euros para votarem em si. ‘E onde estão as três fontes, D._Maria?’ «Ó senhor Vítor, são eles que me contam!».
Um ministro corajoso
A história tem quase um mês, e confirmei-a com a ajuda do Dr. Google tradutor. O ministro da Defesa sueco foi perseguido por islâmicos que gritavam contra o genocídio da Palestina. O governante não pôde ir para casa, por temer que os manifestantes o ‘marcassem’. O que se questiona é como é possível, no país onde Olof Palm e Anna Lindh foram assassinados, Carlo-Oskar Bohlin anda na rua sem guarda-costas.
Foi você que pediu um Nobel?
Se o acordo de Paz no Médio Oriente se concretizar, e acredito que há muitos que sonham com o contrário, Trump merece o prémio. Sem dúvida.
