Gouveia e Melo: Liderança que Inova, Liderança que Faz

Ao assumir o comando da Marinha, Gouveia e Melo encontrou orçamentos limitados, burocracia sufocante e pouco interesse dos parceiros internacionais. Muitos teriam baixado os braços. Ele fez o contrário: abriu caminhos.

Num país tantas vezes resignado ao “não dá”, o exemplo do Almirante Henrique Gouveia e Melo mostra que ainda é possível liderar de outra forma. Disciplinado, determinado e curioso, recusa aceitar a rotina ou a desculpa do “sempre foi assim”. O seu percurso recente como Chefe do Estado-Maior da Armada é um retrato vivo de como se pode transformar obstáculos em soluções e restrições em oportunidades.

O líder que não aceita o impossível

Ao assumir o comando da Marinha, Gouveia e Melo encontrou orçamentos limitados, burocracia sufocante e pouco interesse dos parceiros internacionais. Muitos teriam baixado os braços. Ele fez o contrário: abriu caminhos.

Quando parecia inviável usar fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) na Defesa, teve a ousadia de desenhar um navio multifuncional que serviria não só a vigilância marítima, mas também missões científicas. Em tempo recorde, lançou concurso internacional ganho pelo estaleiro holandês DAMEN — tornando-se o primeiro projeto das Forças Armadas a beneficiar do PRR.

Reescreveu cadernos de encargos para seis novos navios patrulha, assegurando melhor qualidade do que a geração anterior e reforçando a indústria naval portuguesa, através da WestSea. E, perante a recusa dos principais estaleiros europeus em construir navios reabastecedores com o orçamento disponível, arriscou fora da caixa: Portugal encomendou duas unidades à empresa turca STM, sendo pioneiro na NATO e na União Europeia.

Um passo à frente do tempo

Muito antes de a guerra na Ucrânia expor a centralidade dos sistemas não tripulados, Gouveia e Melo já tinha impulsionado a inovação tecnológica na Marinha, desenvolvendo drones militares adaptados às necessidades nacionais. A sua visão antecipatória valeu-lhe respeito e reconhecimento entre os parceiros da NATO, onde se destacou pela capacidade operacional e estratégica.

Liderança pelo exemplo

Quem trabalhou com ele destaca um traço constante: lidera pelo exemplo. Não vira costas a desafios, não se refugia na teoria nem na retórica. Ouve, reflete, decide e age — sempre consciente de que a responsabilidade última é sua. Esse equilíbrio entre disciplina e criatividade, entre firmeza e abertura, marca a sua forma de estar.

O que Portugal precisa

O país atravessa um tempo de incertezas, onde a tentação do conformismo é grande. Mas é precisamente nestes momentos que se testam as lideranças. A experiência de Gouveia e Melo mostra que é possível fazer diferente e melhor, mesmo em contextos adversos.

Ele provou que não basta falar de soluções: é preciso construí-las. Seja através de navios que reforçam a defesa e a ciência, da aposta na indústria nacional ou da coragem de quebrar tabus nas alianças militares, o seu percurso recente é prova viva de que Portugal pode contar com líderes transformadores.

Num tempo em que tanto se fala de inovação, coragem e integridade, talvez seja útil lembrar que já tivemos quem desse esse exemplo. E que, quando liderada por quem acredita no país, a palavra “impossível” deixa simplesmente de existir.