Recorde do mundo num elétrico chinês

A BYD deixou a concorrência de “olhos em bico” ao apresentar um automóvel elétrico com 3.000 cv, capaz de alcançar os 496,2 km/h! Não é ficção, é realidade, e vão ser produzidas apenas 30 unidades deste supercarro chinês.

A indústria automóvel acaba de assistir a um feito extraordinário, que põe um ponto final nas dúvidas sobre o potencial da energia elétrica no setor. O superdesportivo Yangwang U9 Xtreme ultrapassa todos os limites e redefine uma época nunca antes imaginada pelas mentalidades mais conservadoras.

O BYD Group surpreendeu os concorrentes ao estabelecer um novo recorde mundial de velocidade com a Yangwang, a marca desportiva do grupo chinês. O “foguete” elétrico U9 Xtreme foi cronometrado duas vezes, em direções opostas, a 496,2 km/h na pista de testes ATP, na Alemanha – um dos poucos locais do mundo onde se consegue andar a velocidades estratosféricas.

A partir de agora é o automóvel de produção em série (embora limitada) mais rápido do mundo, ficando somente a 4 km/h de ultrapassar a barreira dos 500 km/h. O poder de aceleração é vertiginoso, basta pensar que percorre 130 metros por segundo e precisa de 2,3 segundos para chegar aos 100 km/h. É impressionante ver como um automóvel elétrico chinês humilhou o prestigiado Bugatti Chiron Super Sport 300+, com motor a gasolina W16 8.0 de 1.600 cv, que detinha o anterior recorde com 490,4 km/h, obtido em 2019.

O piloto alemão Marc Basseng, que participa em corridas de resistência, foi o responsável pelo histórico registo. «Este recorde só foi possível porque o U9 Xtreme tem um desempenho simplesmente incrível. Tecnicamente, não é possível fazer algo assim com um motor de combustão. Graças ao motor elétrico, o carro é silencioso, não há mudanças de carga e isso permite concentrar-me mais na condução. A esta velocidade, a mudança de um grau na direção tira o carro da linha ideal», explicou. Ao estabelecer um novo recorde mundial de velocidade, o Yangwang U9 Xtreme redefine o conceito de supercarro sustentável, mas a história pode não ficar por aqui. «O carro tem capacidade para andar mais rápido e atacar os 500 km/h», afirmou o piloto.

Alta tecnologia

Este superdesportivo foi desenvolvido com base nos 30 anos de experiência da BYD em eletrificação. Tem a mesma base técnica do Yangwang U9 comercializado na China, com “apenas” 1.300cv e um preço de 230 mil euros. Só que esta versão foi levada ao limite, sendo um dos automóveis elétricos mais caros e desejados do mundo.

Os responsáveis pelo projeto garantem que não compraram nenhum superdesportivo para o estudar a fundo – uma prática habitual entre os construtores – antes de desenvolver o U9 Xtreme pela simples razão de que são demasiado caros. E têm razão, o anterior recordista de velocidade custa 3,5 milhões de euros. Os engenheiros chineses seguiram outro caminho, que passou por realizar milhares de simulações em diferentes cenários: laboratório, banco de ensaio, túnel de vento e ensaios de pista.

Daí nasceu um verdadeiro compêndio tecnológico com base na e4 Platform. É nessa plataforma elétrica de ultra-alta tensão de 1.200 V que estão montados os quatro motores elétricos, um em cada roda, que fazem 30.000 rpm. Cada motor tem uma potência de 750 cv (555 kW), o que dá uma potência total descomunal de 3000 cv! A energia do U9 Xtreme vem da mais recente geração de baterias de fosfato de ferro e lítio Blade (135 kWh), desenvolvida pela BYD.

A imponente carroçaria em fibra de carbono, cinco vezes mais resistente do que uma estrutura em aço, combina linhas agressivas com elementos culturais chineses, caso das luzes traseiras em forma de “Estrela da China”. Está equipado com o sistema de controlo inteligente da carroçaria DiSus-X, que garante o máximo controlo e segurança do veículo.

Os pneus semi-slick de elevado desempenho são super resistentes para garantir a estabilidade direcional em reta, ao passo que a elevada rigidez lateral permite maior estabilidade em curvas com forças G muito elevadas. Os pneus extra-largos da marca chinesa Giti estão montados em jantes de 20 polegadas. Por uma questão de segurança, devem ser mudados sempre que se ultrapassa os 400 km/h. «Não sei o que os engenheiros da BYD e da GITI fizeram, mas é incrível como podemos acelerar a fundo e não haver perdas de tração», referiu ainda o piloto Marc Basseng.

O sistema de travagem está ao nível das performances. É composto por discos de carbono-cerâmica perfurados e pinças em titânio. A alta resistência ao calor evita o risco de falha dos travões após utilização extrema. Integra também um sistema de recuperação de energia, que reduz a carga sobre os travões mecânicos, aumentando a longevidade do sistema de travagem. Este modelo apresenta soluções invulgares, caso do sistema hidráulico da suspensão que eleva o carro 75 mm de modo a evitar danos ao passar em buracos.