O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, resistiu esta quinta-feira à moção de censura apresentada pela força política França Insubmissa (LFI), da esquerda radical, que foi rejeitada por uma margem curta: apenas 18 votos separaram o Executivo da queda.
A moção contou com o apoio do partido de extrema-direita União Nacional (RN), de Marine Le Pen, numa aliança pontual entre dois polos opostos da oposição, e obteve 271 votos favoráveis, ficando aquém dos 289 necessários para derrubar o Governo e abrir caminho a uma possível dissolução da Assembleia Nacional.
Foi ainda apresentada uma segunda moção de censura, desta vez pelo próprio RN, mas esta não chegou a ser votada, uma vez que os partidos da esquerda, incluindo a LFI, se a recusaram apoiá-la.
Durante o debate, Sébastien Lecornu defendeu a estabilidade democrática e apelou aos deputados para não colocarem em risco o orçamento de Estado e da Segurança Social. O projeto orçamental para 2026, apresentado esta semana, será discutido a partir da próxima semana na Assembleia Nacional.
O papel do Partido Socialista (PS) revelou-se determinante. Apesar da pressão política, a direção do PS optou por não apoiar a censura, depois de o primeiro-ministro ter aceitado congelar a controversa reforma das pensões até janeiro de 2028 — permitindo que o tema volte a ser discutido nas eleições presidenciais de 2027.
A reforma, aprovada em 2023, previa o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos e tem sido um dos pontos mais contestados do Governo.
Ainda assim, sete deputados socialistas votaram contra a orientação da liderança e apoiaram a moção da LFI.
O Executivo minoritário sai fragilizado, mas mantém-se em funções, com os apelos à continuidade do debate parlamentar a afastarem, para já, o cenário de dissolução da Assembleia.