“Infeliz tragédia do Elevador da Glória foi derivada de causas técnicas e não políticas”, diz Moedas, após receber novo relatório

“O cabo que unia as duas cabinas do elevador — e que acabou por ceder — não cumpria as especificações exigidas pela Carris nem estava certificado para transporte de passageiros”, lê-se no relatório.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou, esta segunda-feira, que o acidente do Elevador da Glória, que provocou a morte a 16 pessoas e deixou cerca de duas dezenas de feridos, resultou de falhas técnicas e não de causas políticas.

A declaração surge após a divulgação do relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que aponta responsabilidades à Carris, nomeadamente na manutenção, supervisão e controlo interno.

“Ao contrário da politização que alguns fizeram durante a campanha, este relatório reafirma que a infeliz tragédia do Elevador da Glória foi derivada de causas técnicas e não políticas”, escreveu o autarca, em nota enviada à agência Lusa.

Segundo o relatório, o cabo que unia as duas cabinas do elevador — e que acabou por ceder — não cumpria as especificações exigidas pela Carris nem estava certificado para transporte de passageiros.

O GPIAAF conclui que a utilização de cabos “multiplamente desconformes” resultou de falhas acumuladas no processo de aquisição e aplicação, que os mecanismos internos da empresa “não foram suficientes para detetar ou prevenir”.

No documento, destaca-se ainda o facto de, durante o processo de compra, a Carris ter enviado para os potenciais fornecedores especificações de cabos referentes ao elevador de Santa Justa, que são diferentes, não conseguindo detetar o erro nem explicar o engano.

Além disso, foram detetadas omissões nas inspeções e deficiências na formação e supervisão dos técnicos responsáveis pela manutenção.

O GPIAAF nota ainda que os ascensores da Glória e do Lavra, assim como os elétricos da Carris, não estão sob a supervisão do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), sendo fiscalizados apenas pela própria empresa.

A investigação prossegue, mas o relatório preliminar aponta já para um conjunto de falhas técnicas e procedimentais como causa principal do desastre que chocou a capital.