Nadadora portuguesa suspensa por cinco anos após recusa em fazer testes de verificação de sexo

“Se uma suspensão de cinco anos é o preço que devo pagar para proteger a minha informação médica mais íntima, então é um preço que estou disposta a pagar — por mim e por todas as outras mulheres”, afirmou atleta.

A nadadora transgénero Hannah Caldas, que nasceu em Vizela há 47 anos e que atualmente vive na Califórnia, nos EUA, foi suspensa pela World Aquatics durante cinco anos, depois de recusar submeter-se a testes de verificação de sexo.

A sanção, que se estende até 18 de outubro de 2030, implica ainda a anulação de todos os resultados obtidos entre 2022 e 2024, incluindo títulos e recordes conquistados nas competições de Masters.

A suspensão, decretada pela World Aquatics, surge após a recusa da atleta em realizar testes genéticos ou cromossómicos destinados a comprovar a sua elegibilidade para competir na categoria feminina.

Segundo a entidade desportiva, estes exames fazem parte da sua política de “verificação de sexo”, que define critérios baseados no chamado “sexo cromossómico”.

Entretanto,  a New York Aquatics, que representa a nadadora, emitiu um comunicado no qual refere que a World Aquatics exigiu que Hannah Caldas realizasse, a expensas próprias, um teste genético para “provar” conformidade com as regras de género da organização, mesmo depois de a atleta ter apresentado a sua certidão de nascimento, onde é identificada como mulher.

A nadadora também já reagiu. “Testes cromossómicos são procedimentos invasivos e caros. O meu seguro recusa-se a cobrir esse tipo de teste porque não é medicamente necessário. Nenhum estado dos EUA exige testes genéticos para eventos desportivos recreativos como estes. Nem mesmo a U.S. Masters Swimming, o órgão nacional responsável pela natação recreativa para adultos nos EUA, impõe tal exigência para qualquer uma das suas competições”, sublinhou.

“Se uma suspensão de cinco anos é o preço que devo pagar para proteger a minha informação médica mais íntima, então é um preço que estou disposta a pagar — por mim e por todas as outras mulheres que não querem submeter-se a testes médicos altamente invasivos apenas para nadar numa competição recreativa de veteranos”, acrescentou.

Nos Estados Unidos, a U.S. Masters Swimming — entidade que regula a natação recreativa para adultos — chegou a declarar Hannah Caldas elegível para competir na categoria feminina, mas a decisão não teve qualquer impacto na sanção imposta pela World Aquatics.

Natural de Vizela, Hannah Caldas – antes Hugo Caldas – foi professora associada de neurocirurgia na Wake Forest University, nos Estados Unidos, antes de regressar ao desporto competitivo em 2010. Destacou-se desde então nas provas Masters, destinadas a atletas veteranos.