O deputado do Chega Filipe Melo insiste que não mandou beijos à deputada socialista Isabel Moreira, durante uma sessão plenária da Assembleia da República, no final de setembro, garantindo que o gesto foi “mal interpretado” e que não queria ser ofensivo.
O caso levou o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, a encaminhar o assunto para a Comissão de Transparência, onde Filipe Melo foi ouvido à porta fechada, tendo negado a interpretação do gesto feita por Isabel Moreira.
“Não foram beijos, naturalmente que não”, disse o deputado do Chega perante os deputados da Comissão de Transparência, segundo a transcrição da audição a que a CNN Portugal teve acesso.
Filipe Melo garantiu que nunca agiria da forma de que é acusado. “Nem para a senhora deputada Isabel Moreira, nem para qualquer outra deputada eu teria tal comportamento, por variadíssimos motivos”, disse, elencando as razões: “Primeiro, porque não seria uma situação própria e digna. Segundo, porque eu próprio não me permitiria isso, até porque sou casado e a minha mulher acompanha, com orgulho, os trabalhos parlamentares”.
O deputado considera que o episódio foi amplificado de forma injusta e que pediu a um especialista em expressões para analisar as imagens.
“Eu tive o cuidado de falar com uma pessoa amiga, que é um analista de expressões e de reações, e o que me foi transmitido foi que as imagens são claras. E essa pessoa, que é um especialista e conhecido no meio a nível nacional, disse-me que só conhece um ser vivo capaz de mandar beijos com a boca aberta, que é o sapo. Qualquer ser humano é incapaz de conseguir mandar um beijo com a boca aberta”.
Por outro lado, Filipe Melo reconheceu ter errado ao reagir da Mesa da Assembleia, mas garantiu que “jamais faria” o gesto descrito por Isabel Moreira. “Retratei-me em sede própria. Admito o erro, mas quem não erra?”, afirmou, acrescentando que mantém condições para exercer o mandato.
O deputado acusou ainda Isabel Moreira de agir de “má-fé” e prometeu apresentar uma participação contra a deputada socialista assim que o inquérito interno for concluído.
“É desagradável chegar a casa e ver a minha esposa e os meus filhos a perguntarem o que é que ocorreu para a senhora deputada dizer uma coisa daquelas”, lamentou.