Mais de seis em cada dez portugueses está sem dentição completa. A conclusão é do Barómetro da Saúde Oral 2025 da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), que destaca “desigualdades significativas” na prevenção e no acesso a cuidados de saúde oral.
De acordo com os dados da OMD baseados num inquérito realizado a 1.200 pessoas em Portugal continental e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, mais de metade dos portugueses (64,6%) apresenta falta de dentes.
O estudo revela que 26% dos inquiridos recorrem apenas a consultas de urgência e 2,5% nunca consultaram um dentista. A principal razão apontada para evitar cuidados regulares é a perceção de falta de necessidade, citada por 53,8%, enquanto 22,2% referem razões económicas.
“A presença do setor público na prestação de cuidados de saúde oral continua a ser residual”, lamenta a OMD, que alerta para a necessidade de reforçar a literacia em saúde oral, em articulação entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), as autarquias e as escolas.
Segundo o Barómetro, apenas 6% dos portugueses fizeram a última consulta no SNS e 70,3% desconhecem que o SNS disponibiliza consultas de medicina dentária.
“Estes dados mostram que a saúde oral ainda é percecionada como um bem opcional e não como parte integrante da saúde geral”, refere o astonário da OMD. “Portugal tem evoluído, mas continua a haver uma fronteira invisível entre quem pode e quem não pode cuidar da sua saúde oral”, acrescenta Miguel Pavão, citado em comunicado.