O presidente do Conselho de Administração do Hospital Amadora-Sintra apresentou esta segunda-feira a demissão, que a Ministra da Saúde confirmou e aceitou. Carlos Sá demitiu-se na sequência da morte de uma grávida, de 36 anos, e do bebé, que tinha 38 semanas de gestação. Segundo Ana Paula Martins, tratou-se de uma “falha grave” de informação.
Depois de lamentar, mais uma vez, a morte da grávida e do bebé, a ministra relatou que “na sexta-feira”, quando foi para o debate do Orçamento a informação que obteve “por parte da ULS” foi uma “informação que foi dada a todos os portugueses, através da comunicação social”.
Ana Paula Martins garante que tem “sempre muito cuidado com estas informações” e considera que “não compete à ministra da Saúde estar a comentar casos clínicos”, porém, “tendo em conta a situação e uma vez que estava no Parlamento e os deputados tinham todo o direito de fazer essa pergunta, não podia deixar de lhes responder”.
“No domingo, o senhor presidente do Conselho de Administração da ULS do Amadora-Sintra informou-me que uma parte da informação que me tinha sido dada era incompleta, ou seja, que a informação que eu tinha veiculado e que me tinha sido dada não era a informação total porque a grávida tinha efetivamente tido consultas de vigilância nos cuidados de saúde primários daquela mesmo ULS. Nessa mesma altura, o senhor presidente do Conselho de Administração, exatamente porque esta falha é uma falha de informação considerada grave, pôs o seu lugar à disposição e eu aceitei”, revelou, sem adiantar mais comentários ao caso.
A administração daquela ULS realçou que esta informação do acompanhamento desde julho só transmitida à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, no domingo, esclarecendo que as declarações feitas pela governante na Assembleia da República.
Em comunicado, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSASI) revelou que, “devido à inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado, que permita a partilha automática de dados e registos médicos entre os diferentes serviços e unidades […], só hoje ao final da tarde foi possível verificar que a utente se encontrava em acompanhamento nos cuidados de saúde primários da ULSASI desde julho de 2025, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Agualva”.
Segundo o comunicado da administração hospitalar, a mulher fez duas consultas de vigilância de gravidez, em 14 de julho e 14 de agosto, tendo realizado consultas de obstetrícia no Hospital Fernando Fonseca, na Amadora, nos dias 17 de setembro e 29 de outubro, esta última dois dias antes de morrer.
O responsável está, assim, de saída da gestão do Hospital Fernando Fonseca, a unidade que, para além do caso da morte da grávida e do bebé, teve, durante o fim de semana, um tempo de espera nas urgências superior a 20 horas no domingo.