José Sócrates com advogado oficioso depois da renúncia de Pedro Delille

A renúncia deu entrada na manhã desta terça-feira, 4 de novembro, e o advogado alega “razões deontológicas”. Em causa, está o conflito entre o advogado e o coletivo de juízes, nomeadamente a juiz-presidente. Delille considera que se continuasse ia prejudicar a defesa do cliente. Esta manhã deu nota disso numa carta enviada ao tribunal

Pedro Delille renunciou ao mandato de advogado de José Sócrates no processo Operação Marquês, no qual o ex-primeiro-ministro responde por 28 crimes, entre os quais de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. O tribunal ordenou,entretanto, a nomeação de um advogado oficioso para a defesa de José Sócrates e a sessão agendada para esta terça-feira, destinada à audição de testemunhas, mantém-se.

Segundo a CNN Portugal, o advogado oficioso pediu um adiamento, alegando não conhecer o processo em detalhe, mas o coletivo de juízes indeferiu o pedido. Assim, na sessão desta terça-feira, Sócrates será representado por José Manuel Ramos, advogado oficioso.

A renúncia deu entrada na manhã desta terça-feira, 4 de novembro, e o advogado alega “razões deontológicas”. Em causa, está o conflito entre o advogado e o coletivo de juízes, nomeadamente a juiz-presidente. Delille considera que se continuasse ia prejudicar a defesa do cliente. Esta manhã deu nota disso numa carta enviada ao tribunal.

“Informo vossa excelência que renuncio ao mandato que me foi conferido pelo senhor engenheiro José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa para o representar no processo acima referenciado, o que faço por razões deontológicas: fiquei definitiva e absolutamente convencido, após o episódio da passada quinta-feira, que soma a tudo o resto oportunamente denunciado, de que continuar neste julgamento violenta em termos insuportáveis a minha consciência e a ética que me imponho, a minha
independência, integridade e dignidade profissional e pessoal – repudio e recuso participar e validar, um minuto mais que seja, neste simulacro de julgamento, neste “julgamento de brincar”, lê-se na carta de renúncia a que a CNN Portugal teve acesso.

Na carta, Pedro Delille, que defendia o ex-primeiro-ministro há 11 anos, diz ainda que a renúncia tem “efeitos imediatos”.

Na quinta-feira passada, 30 de outubro, o tribunal que está a julgar José Sócrates ordenou a participação à Ordem dos Advogados da conduta de Pedro Delille por considerar que esta foi ofensiva dos deveres deontológicos daqueles profissionais. Em causa, o facto de o advogado ter chegado atraso por presumir que que a sessão iria começar mais tarde do que o agendado uma vez que a mãe de Sócrates não compareceu, tendo este apresentado na véspera um atestado médico.

Já no julgamento, o causídico tentou explicar o atraso ao tribunal e apresentar um protesto, tendo sido impedido de o fazer pela magistrada.
“Não me vai ralhar”, retorquiu Pedro Delille, com a juíza a ripostar que “acabou a brincadeira”.

No total, o processo conta com 21 arguidos, que têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que lhe são imputados.