Marcelo escusa-se a comentar alegada tentativa de travar candidatura de Gouveia e Melo

“Não há nenhuma entrevista com palavras minhas, pronunciando-me sobre quem é chefe, quem não é, quem é que deve ser, quem não deve ser chefe de um determinado ramo das Forças Armadas” ou “quem deve ser ou não candidato presidencial”, declarou

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, escusou-se este domingo a comentar as declarações do almirante Gouveia e Melo, que afirmou ter sido uma alegada tentativa do chefe de Estado para travar a sua candidatura presidencial o motivo que o levou a avançar para Belém.

“Tenho como princípio, desde que fui candidato presidencial, não comentar os presidentes anteriores. Depois, como presidente, não comentei os presidentes que me antecederam”, afirmou o atual chefe de Estado, em Vila Viçosa.

Marcelo promete não comentar candidatos nem futuros presidentes

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, citado pela agência Lusa, que, quando deixar o cargo, também não tenciona comentar os presidentes seguintes, nem agora os candidatos ao cargo de Presidente da República.

“Pode haver quem tenha especulado, quem tenha dito, quem tenha noticiado”, admitiu o Presidente, mas observou que “não há nenhuma entrevista com palavras minhas”.

“Não há nenhuma entrevista com palavras minhas, pronunciando-me sobre quem é chefe, quem não é, quem é que deve ser, quem não deve ser chefe de um determinado ramo das Forças Armadas” ou “quem deve ser ou não candidato presidencial”, declarou.

O chefe de Estado falava aos jornalistas após presidir à cerimónia militar que encerrou as comemorações do 51.º aniversário do Estado-Maior-General das Forças Armadas, realizadas em Vila Viçosa.

Gouveia e Melo diz que avançou após ler notícia sobre tentativa de travagem

O almirante Gouveia e Melo revelou que só decidiu avançar para Belém depois de ler uma notícia no Expresso segundo a qual Marcelo Rebelo de Sousa pretendia travar a sua candidatura presidencial através da recondução como chefe da Armada.

“Foi esse artigo que me fez definir o rumo. Porque quando o li, fiquei mesmo danado”, afirma o ex-chefe do Estado-Maior da Armada, no livro “Gouveia e Melo — As Razões”, uma longa entrevista conduzida pela jornalista e diretora-adjunta do Diário de Notícias, Valentina Marcelino, que será posto à venda na próxima quinta-feira e lançado no dia 24.

O artigo do Expresso, da autoria do jornalista Vítor Matos e publicado em outubro de 2024, referia que Marcelo queria reconduzir Gouveia e Melo para evitar a sua candidatura presidencial, mas que o almirante só aceitaria o cargo com um investimento significativo na força naval, incluindo a compra de mais submarinos.

O almirante aponta críticas ao Presidente e ao Governo

Gouveia e Melo, que anteriormente já tinha falado em tentativas para travar a sua candidatura a Belém, sem identificar nomes ou datas, aponta desta vez o dedo a Marcelo Rebelo de Sousa e ao Governo.

“De facto o Governo – e também o senhor Presidente da República – não pareciam interessados em nada da defesa, para além de fazerem umas correções nos ordenados dos militares. Assim, deduzi que o que pretendiam era que eu ficasse amarrado à Marinha com o eventual ‘prémio’ de, no fim, poder ser CEMGFA [Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas] e atingir o topo da carreira militar. Pensaram, especulo eu, que ficaria muito contente por me darem a oportunidade”, desabafa.

O almirante, que chefiou a Marinha e o processo de vacinação contra a covid-19, considera que a estratégia para o travar teve o efeito oposto.

“Essas pessoas verdadeiramente não me conheciam… essa é a única coisa que eu nunca faria: ser príncipe só para cortar fitas.”
“Ora, queriam dar-me importância sem me darem poder para fazer nada. Muito obrigado. Foi aí que decidi: Vou entrar no campo das verdadeiras decisões, a política”, assegura.