Director-geral do Património: Parceria com empresa privada é ‘modelo de sucesso’

O director-geral do Património Cultural, Nuno Vassalo e Silva, afirmou hoje, no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, que a parceria com a produtora Everything is New “é um modelo de sucesso”.

O responsável falava numa conferência de imprensa de balanço da exposição com obras do Museu do Prado, de Madrid, que termina no domingo, e para apresentar a nova exposição, com peças de arte italiana do século XVIII, que é inaugurada em maio.

António Filipe Pimentel, director do MNAA, anunciou hoje que a parceria com a empresa privada Everything is New se vai manter para a próxima grande exposição, devido aos bons resultados de público da actual, que atingiu os 74.786 visitantes.

“A parceria entre a Direcção-Geral do Património Cultural com uma instituição privada é incontestavelmente um modelo de sucesso”, sublinhou o responsável, elogiando a “bravura” do empresário Álvaro Covões em participar neste projecto.

Vassalo e Silva comentou, no entanto, que “os números por si só não chegam, é importante fidelizar o público, e fazer parcerias com outros museus é um caminho imprescindível”.

Destacou ainda a “grande preocupação do MNAA com a comunicação e a internacionalização”, área em que António Filipe Pimentel tem apostado através das parcerias realizadas no ano passado com o Museu do Prado e, este ano, com o museu de arte antiga de Turim, em Itália.

Na perspectiva de Álvaro Covões, “os números [de visitantes] são importantes porque revelam que os portugueses se estão a aproximar da cultura, uma área da qual se arredaram nos últimos anos, talvez por razões económicas ou políticas”.

Apesar da localização do MNAA, em Lisboa, “ser difícil pela falta de transportes públicos e estacionamentos, foi possível atrair até agora 75 mil pessoas à exposição de obras do Prado”, comentou.

Disse ainda que o objectivo da empresa era atingir o “break-even point”, ponto em que se atinge o retorno do investimento inicial, passando-se a contabilizar lucros. “Já o ultrapassámos. Portanto foi um negócio em que não perdemos dinheiro e, além disso, criámos 12 postos de trabalho e criámos ‘merchandising’ do museu feito por empresas portuguesas”, destacou.

Para a parceria desta exposição, a produtora Everything is New investiu 380 mil euros, que esperava recuperar com as receitas dos bilhetes vendidos na exposição.

Atingindo esse patamar, os lucros seguintes dos bilhetes são divididos com a DGPC em 50 por cento, num modelo que vem desde a primeira parceria com a entidade pública, realizada em 2013 para a produção da exposição da artista plástica Joana Vasconcelos, que atingiu 235 mil visitas.

“A cultura sempre viveu de grandes mecenas. Agora, no século XXI, com a riqueza mais distribuída do que em séculos passados, os mecenas são o público”, comentou Álvaro Covões.

A próxima parceria entre o MNAA e a Everything is New é a exposição que o MNAA vai acolher a partir de 17 de maio, intitulada “Os Saboias. Reis e Mecenas (Turim, 1730-1750)”, com uma centena de obras cedidas pelo Museo Civico d’Arte Antica-Palazzo Madama, de Turim, Itália.

A nova exposição, com comissariado de Edith Gabrielli e Enrica Pagella, evoca o papel da cidade de Turim na primeira metade do século XVIII enquanto capital do Reino do Piemonte e dos grandes artistas italianos e internacionais ao serviço das estratégias de poder da Casa de Saboia.

Lusa/SOL