Na ‘Dress for Success’ a roupa é uma arma no combate ao desemprego das mulheres

A primeira impressão numa entrevista pode ser o primeiro passo para conseguir um emprego e é aqui que aparece a ‘Dress for Success’, uma associação que ajuda mulheres desempregadas através de formação, mas também as veste para vencerem.

Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o número de mulheres empregadas em Portugal aumentou no primeiro trimestre de 2014, talvez fruto do trabalho de associações como a '
', em português "Vestidas para Vencer".

A organização nasceu nos Estados Unidos há 15 anos. Em Portugal surgiu pela vontade de Fernanda Machado, depois de ver um programa de televisão.

"Eu estava a ver um programa da Oprah à noite e a Oprah estava a fazer uma angariação de roupa para a 'Dress' nos Estados Unidos. Procurei na Internet como é que poderia doar os meus fatos à organização em Portugal quando me apercebi que não existia", conta Fernanda Machado.

Candidatou-se e convenceu a casa mãe a apostar em Portugal, num processo que ainda demorou cerca de três anos a arrancar, mas que hoje se pode orgulhar de já ter ajudado quase mil mulheres.

Mulheres que, tal como explicou Fernanda Machado, estão desempregadas, mas procuram activamente emprego, vivem numa situação de dificuldade financeira e precisam que alguém as ajude em algo tão importante como causar uma boa primeira impressão numa entrevista de emprego.

"Aquilo que nós pretendemos é ajudar o maior número de mulheres possível, principalmente na actual conjuntura económica em que podemos ser licenciados, mas não termos possibilidade de comprar um fato para ir a uma entrevista de emprego", explicou a fundadora da associação em Lisboa.

Sandrine tem 19 anos e fez formação com a 'Dress for Success' no âmbito do projecto "Fadas Madrinhas", onde o objectivo é tornar-se uma dona de casa de excelência. Aprendeu a cozinhar, a engomar. Teve também aulas de inglês.

"A formação tem corrido bem", contou, admitindo: "Quando entrei na formação entrei uma pessoa e depois saí outra. Posso dizer que hoje sou diferente".

Quando a Lusa esteve na associação era dia de escolha da roupa para a entrevista de emprego. O motivo exige algum formalismo, mas as escolhas podem ir entre um 'tailleur' ou um conjunto de saia e casaco.

Sandrine admitiu que se não tivesse conhecido a associação, "se calhar não tinha nada": "Continuava desempregada, à procura de emprego".

Agora já consegue definir planos para o futuro: "Ter a minha casa, dar um quarto ao meu filho e ter um bom trabalho, que é o que toda a gente quer".

Kátia Ramos, 32 anos, tem um percurso diferente. Veio por curiosidade, porque gosta de aprender. Teve formação para saber vestir-se para uma entrevista, aprendeu a agir, a saber estar, mas também literacia financeira e gestão de carreira.

"Tem sido muito importante porque eu desde que conheci a 'Dress' tenho subido o meu patamar, tenho feito entrevistas, estou com um programa de televisão, onde me conheceram através da 'Dress', tenho uma página no Facebook e espero continuar a progredir ainda mais", contou à Lusa.

A quase totalidade da roupa que a associação dá a estas mulheres vem de acções de marketing dentro de grandes empresas, mas não é só de roupa que se faz o trabalho da 'Dress'.

"Quando vêm buscar a roupa, passam também pelo nosso centro de carreira, onde nós damos apoio ao nível de visualizar o CV [Curriculum Vitae]. Vemos também se o CV está ou não bem estruturado e adaptado à empresa que se estão a candidatar, vemos a carta de apresentação e damos dicas para a entrevista", explicou Fernanda Machado.

Entre 2012 e 2013, a 'Dress for Success' ajudou já quase mil mulheres, sendo que para 2014 o objectivo é apoiar cerca de 800.

Fernanda Machado acredita que a associação pode fazer a diferença na vida destas pessoas e a provar isso está o facto de aproximadamente 21% das mulheres que entraram na 'Dress' conseguiram entrar no mercado de trabalho.

Projectos para o futuro não faltam e Fernanda quer agora replicar noutra cidade do país o projecto norte-americano.

Em princípio no norte do país, onde "há muitas mulheres que precisam desse apoio".

Lusa/SOL