O Conchita barbudo

Vivo entalado entre 2 preconceitos que assumo: por um lado, irrita-me o politicamente correcto das ondas do tempo; por outro, não me revejo na recusa de qualquer evolução social.

Vem isto a propósito do travesti austríaco que ganhou o concurso da Eurovisão deste ano, vestido de mulher e com barba comprida, usando o nome ‘Conchita Wurst’. Não vi o concurso, portanto não me atrevo a qualificar a qualidade da canção da extravagante figura, embora faça fé numa amiga que me disse haver outras muito melhores.

Percebi, pelo muito que se tem escrito sobre o assunto, que a Comunidade Gay se tinha mobilizado para esta vitória, só pelo bizarro dos ‘estereótipos baralhados’, e não pela canção em si.

Parece que Conchita Wurst é na realidade um cantor austríaco homossexual e travesti, mas não transexual (ele próprio não quer ser uma mulher), de nome verdadeiro Tom Neuwirth.

Achei enervante o cuidado, ou as pinças, com que por cá todos abordavam a matéria, tratando o travesti masculino por Concha no feminino – com receio de atropelarem as tais regras do politicamente correcto.

Depois vi as denúncias dos russos e homófobos (eu próprio admito ser um tanto homófobo, na classificação actualmente usada, apenas porque prefiro a heterossexualidade, e assim educo os filhos, embora não hostilize a homossexualidade), e não me apeteceu alinhar com eles. Mas também não quero alinhar com os tais politicamente correctos, que neste caso acham absoluto o conceito da diversidade de género. Prefiro, sexualmente, mulheres bonitas e sem barba, sejam russas, austríacas, portuguesas ou de qualquer nacionalidade. Enfim, cometo essa espécie de pecado que é afirmar-me herterossexual – sem no entanto encarar com a menor agressividade quem não o for.

Enfim, fico de fora da polémica. Ainda por cima, não me consta que as músicas do actual Festival da Canção valham uma Missa – como se dizia antigamente.