Oquestrada lançam novo álbum

Os portugueses Oquestrada editam na segunda-feira ‘AtlanticBeat Mad’in Portugal’, o álbum que “fala de uma outra ideia para Portugal, não como porta dos fundos, mas como varandim da Europa”, afirmou a vocalista, Marta Miranda, à Lusa.

Oquestrada lançam novo álbum

O grupo, formado em Almada em 2002, só agora edita o segundo álbum de originais – depois de ‘Tasca beat’ (2009) -, uma discografia reduzida que contrasta com a larga experiência ao vivo ao longo destes 12 anos em Portugal, mas sobretudo fora do país.

As composições originais, influenciadas pelo fado e pela música popular portuguesa, abriram-lhes portas, sobretudo no mercado internacional, e Marta Miranda admite que os Oquestrada actualmente actuam mais no estrangeiro do que no próprio país.

‘AtlanticBeat Mad'in Portugal’ é um reflexo desse trabalho de estrada: "No primeiro disco falávamos mais do Tejo e da margem sul. Neste falamos de águas mais profundas, mais virados para o Atlântico. Mas continua a ser orquestra portátil", disseram Marta Miranda e Pablo.

Essa orquestra portátil conta com Marta Miranda, na voz, Pablo, na ‘contrabacia’ (um contrabaixo feito com uma bacia, um pau de vassoura e uma corda), e João Lima, na guitarra portuguesa.

O novo álbum inclui ainda aquilo que a vocalista diz ser a "santíssima trindade" que abençoa os Oquestrada: Amália Rodrigues, aqui exaltada enquanto letrista, Fernando Pessoa e António Variações, de quem interpretam um inédito.

Da fadista é recuperada a letra de "Os teus olhos são duas fontes", para a qual os Oquestrada criaram uma música inédita intitulada "Os teus sonhos são andorinhas". 

De Fernando Pessoa, criaram uma música para o poema "Comboio descendente", que Zeca Afonso também já musicou.

De António Variações, gravaram "Parei na madrugada", a partir de uma música e letra inéditas que o autor deixou escrita como "Não me deixes gostar de ti".

"Escolhemos este tema [do Variações], porque achamos que tinha muito a ver com o disco. Escolhemos o título 'Parei na madrugada', por esta madrugada do 25 de Abril [de 1974]. Parece que estamos à espera de algo, como se o Variações pressentisse este desencanto", explicou Marta Miranda à Lusa.

O álbum fala, de facto, de Portugal, do momento de crise económica, e da relação com a Europa, "desse partir para regressar". Exemplo disso são os temas ‘Sweet old country’ e ‘Resgate’.

O primeiro "fala da doçura de viver num país do sul". "Chamei-lhe um 'fado europeu'. É um grito a dizer que os países do sul são fantásticos, que têm muito a ensinar. Tem este lado geopolítico, com vista para Nova Iorque, com som do Atlântico".

"Resgate" tem esse duplo sentido em relação ao país, disse a vocalista e autora das letras: "É resgatarmo-nos uns aos outros. De quem emigrou, de quem fica; resgatar quem partiu e a promessa de que vai tomar conta do país".

Os Oquestrada apresentam o novo álbum no dia 22, na Casa da Música, no Porto, e no dia 28, no Teatro Tivoli, em Lisboa, estando já a ser planeada a digressão internacional, pela Europa e Estados Unidos, pelo menos.

"O facto de irmos lá fora possibilitou-nos fazer este disco. Se não tivéssemos saído teria sido mais desmotivador, mas sabemos que há muitos portugueses que gostam de Oquestrada", disse Marta Miranda.

Lusa/SOL