Câmara do Funchal ingovernável

A Câmara Municipal do Funchal está ingovernável. Três dos quatro vereadores executivos bateram com a porta e deixaram o presidente, Paulo Cafôfo, com uma ‘bomba relógio’ nas mãos.  

Ao renunciarem aos pelouros mas não aos mandatos, o presidente está de mãos atadas para indicar nova equipa. Seis meses após a prometida ‘Mudança’, a coligação vem agora mergulhar a Câmara numa crise sem precedentes, aplaudida por Alberto João Jardim.

Isolado, Cafôfo chamou esta tarde os jornalistas para, numa declaração política sem direito a perguntas, passar a bola da crise para os vereadores demissionários. Tudo diz ter feito para segurar a equipa com a redistribuição de pelouros, mas não conseguiu sanar as divergências com os colegas de equipa.

Neste momento, há três cenários sobre a mesa: ou leva o mandato até ao fim com apenas dois eleitos a exercer funções executivas ou espera que os vereadores com competências delegadas percam o mandato ou – o cenário mais temido – há eleições intercalares.

Para já, o presidente diz que a Câmara é ingovernável e alega que o “abandono” da vice-presidente, Filipa Jardim Fernandes, e do vereador Edgar Silva fá-los incorrer em responsabilidade pessoal pelo que vier a suceder.

O SOL sabe que, com o impasse criado da não renúncia e não suspensão de mandatos dos demissionários, o presidente não poderá avançar com os nomes que se seguem na lista (Domingos Rodrigues, Andreia Caetano e Maurício Marques) para cargos executivos.

Os partidos da oposição recusaram pelouros e passaram a gestão da crise para a coligação de seis partidos que ganhou as últimas eleições autárquicas. Já há vozes a pedir eleições intercalares, um cenário que, a concretizar-se, poderá causar danos na mudança de cor política que a Madeira começou a ter após quase 40 anos de ‘jardinismo’.

Uma outra hipótese é a Câmara cair via Assembleia Municipal, em sede de discussão do próximo orçamento para 2015, o que só deverá ocorrer em Outubro/Novembro próximo.