Evitar chatices

A festa estava bem lançada, havia pessoas diferentes (ou desconhecidas para nós) que apareciam e se ‘enturmavam’ bem, a música era do nosso agrado, mas um chato persistia em tornar o momento um pouco menos divertido. 

Notando-se perfeitamente que não precisaria de soprar no balão para ser detido, o homem ‘embicou’ com uma das mulheres presentes e não parava de ser desagradável. Por vezes, fazia lembrar cenas dos filmes de Vasco Santana e denotava alguma dificuldade em manter-se em pé quando se aproximava da vítima.

O cenário era patético e alguém tratou de resolver o assunto de uma forma discreta, sem dizer nada, mas a coisa funcionou e o homem foi pregar para outra freguesia.

A rapariga em questão, é certo, revelava uma alegria acima da média, mas ninguém tem o direito de chatear o outro quando lhe dizem explicitamente que ‘vá dar sangue’. 

Se os bêbedos são uma classe incomodativa quando começam a enrolar a voz e a ampararem-se nos outros – quem nunca esteve nesse papel? –, o que dizer das ‘melgas’ que se acham a última bebida da noite e não desamparam a loja com conversas parvas e desagradáveis? Comigo não costuma funcionar, pois sou um verdadeiro profissional a fugir do que não quero e, até por isso, algumas vezes os amigos chamam-me para lhes dar uma ajuda.

Nessa mesma noite haveríamos de assistir a ‘quadros’ bem mais engraçados. Amigas que trabalham à noite – é curioso como o negócio nocturno é uma actividade quase exclusivamente masculina, no que à liderança diz respeito, pois não estou a falar de barmaids ou de porteiras – estavam felizes e contagiavam todos à sua volta. E são as mulheres que têm um papel de destaque como empresárias que mais ‘levam’ com os ‘cromos’, sejam da bola ou de outra espécie.

Claro que a experiência faz com que se saibam defender como poucos. Consta que a Polícia sempre que vai para uma manifestação estuda o terreno e ‘deixa’ uma escapatória para os manifestantes fugirem em caso de confusão. Àsemelhança dos polícias, aqueles que têm treino de noite, sabem sempre onde está a escapatória. Fogem das chatices e utilizam o ditado dos mangas: ‘malandro não compra briga, muda de esquina’. 

vitor.rainho@sol.pt