Capucho, advogados e falta de decoro

António Capucho, militante histórico do PSD, viu o seu trajecto político interrompido em 2011, quando a lei da limitação de mandatos o forçou a sair da Câmara de Cascais, ao fim de 10 anos, e Passos Coelho o substituiu no Conselho de Estado.

Capucho transformou essas questões políticas numa questão pessoal e, desde então, entrou numa deriva de dissidência descontrolada: candidatou-se em Sintra, nas autárquicas de 2013, contra uma lista do PSD e acabou a ser punido disciplinarmente com a expulsão do partido em Fevereiro deste ano.

Agora, apareceu a tomar o pequeno-almoço com o candidato do PS às europeias, Francisco Assis, e a dar-lhe o seu voto. Porquê? “Ocorre que me identifico no essencial com o manifesto eleitoral do PS”, explica Capucho. E com o manifesto do PSD, que é quase idêntico ao do PS, o que o leva a não se identificar? Podia, ao menos, arranjar uma explicação mais elaborada para as suas cambalhotas partidárias.

Entretanto, a bastonária dos Advogados decidiu colocar a Ordem ao serviço da campanha eleitoral de Marinho e Pinto, seu antecessor, mentor e propositor na Ordem. Temendo pela escassa notoriedade pública do partido pelo qual Marinho e Pinto concorre às europeias, a bastonária decidiu homenageá-lo solenemente em Évora, entregando-lhe a Medalha de Honra da Ordem. Isto em pleno período de campanha eleitoral.

Pode ser que o PS não pague a capuchos. Mas a bastonária dos advogados faz questão de retribuir os favores que deve. Sem qualquer decoro, acrescente-se.

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