Aparição de Guterres preocupa o centro-direita

António Guterres veio abrir, pela primeira vez, a porta a uma candidatura às próximas eleições presidenciais – o que traz algumas dores de cabeça ao centro-direita. “Não quero ser candidato, mas não faço juras eternas; há sempre uma probabilidade, mesmo que mínima, de isso acontecer” – disse o ex-primeiro-ministro numa declaração citada pela revista Sábado…

Aparição de Guterres preocupa o centro-direita

A possível entrada em cena de Guterres preocupa alguns destacados sociais-democratas, que consideram que o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados pode ser o candidato mais difícil para alguma figura do centro-direita enfrentar. Até porque, nas palavras de um ex-dirigente do PSD, “faz o pleno à esquerda e consegue entrar com mais facilidade no eleitorado de centro-direita, até porque é católico, tem um perfil moderado e de pessoa que procura consensos”.

O próprio Marcelo Rebelo de Sousa, um dos nomes mais apontados à direita para as Presidenciais de 2016, acaba por confirmar este receio. Em declarações ao jornal i, o  ex-líder do PSD tentou desvalorizar, afirmando que é “uma evidência” e não o surpreende. “Sempre disse que ele ia ser o candidato de esquerda”, afirmou, dando também sinais de que é aquele que mais o preocupa.

Ainda assim, também há à direita quem considere que Guterres é um candidato bem mais fácil do que António Costa seria.

Socialistas entusiasmados mas cautelosos

No PS, a declaração de Guterres provocou entusiasmo. Há a expectativa de que nas próximas presidenciais “o partido consiga gerir bem este processo”, comenta um dirigente. Ter um candidato da qualidade de  Guterres ou Costa é “uma garantia de que é possível voltar a ter um socialista em Belém”. 

Manuel Alegre, porém, analisa com cautela a declaração de Guterres. “Acho que criou uma expectativa exagerada. Qualquer político com o estatuto de Guterres tem de dizer o que ele disse. É normal que não feche a porta, mas isso não significa uma declaração de candidatura”, diz ao SOL. 

No secretariado do PS, Álvaro Beleza qualifica Guterres como “o melhor dos melhores”, alguém que tem uma “inteligência superior, uma cultura fantástica e a experiência de governação”. Ideal para Belém ou para secretário-geral da ONU. 

Como Alegre, também Beleza relativiza a declaração de uma possível candidatura: “O que ele disse é óbvio, não pode fechar a porta”.

manuel.a.magalhaes@sol.pt

sofia.rainho@sol.pt